31 de julho de 2017

Dor em procedimentos de Fisioterapia em Terapia Intensiva: o que podemos fazer?

Olá colegas, é estimado que 50-70% dos pacientes que estão internados em unidades de terapia intensiva, sofrem experiências dolorosas ao menos uma vez ao dia, essas más experiências podem levar a maiores índices de síndrome do estresse pós-traumático, dor crônica e pior qualidade de vida. 

Particularmente os paciente em ventilação mecânica além de serem mais expostos a procedimentos traumáticos como sondagens e aspiração das vias aéreas, ainda com um fator agravante, já que a comunicação está momentaneamente prejudicada.

Dentre procedimentos como aspiração de vias aéreas e mobilização com transferência, como se comporta o nível de dor de pacientes em UTI?

O estudo espanhol Evaluation of pain during mobilization and endotracheal aspiration in critical patients avaliou o nível de dor (pela escala Behavioral Pain Scale-BPS) e sinais vitais em 70 pacientes internados em uma UTI. Os procedimentos estudados foram Aspiração de vias aéreas e Mobilização com transferência.

A escala BPS avalia 3 ítens: Expressão Facial, Movimento dos MMSS e Adptação à VM. Cada ítem possui 4 pontuações (1-4), com escore máximo de 12 (Dor intensa). É considerada Dor com escore acima de 3 e Dor significativa com escore acima de 5. Essa escala já é traduzida e adaptada para o português brasileiro.

Foi observado que 94% dos 146 procedimentos realizados tiveram um escore BPS médio de 6 (Dor significativa). Importante ressaltar que 90% dos pacientes eram pós-cirúrgicos, mas o RASS era -3, -4, com Morfina como a droga analgésica mais utilizada e Propofol a sedação mais utilizada.

BPS e Sinais vitais aumentaram nos procedimentos, porém somente a BPS teve aumento significativo.

Outro resultado importante foi que quando foi realizada analgesia preemptiva, o nível de dor foi menos reconhecido. Quando atuava em terapia intensiva, eu já tinha um acordo com a equipe multiprofissional de que quando eu ia mobilizar e se fosse necessária a aspiração de vias aéreas, era realizado sempre um bolus de analgesia, com o intuito de se minimizar o sofrimento. 

Hoje, quando vou deambular com meus pacientes pós-cirúrgicos, solicito a realização de analgesia, já que não temos disponível PCA.

Sempre devemos utilizar nosso conhecimento para minimizar o sofrimento dos nossos pacientes.

Até a próxima!!!


Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta do Hospital Sancta Maggiore - Prevent Senior
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa





Referência:

1- Robleda G, Roche-Campo F, Membrilla-Martínez L, Fernández-Lucio A, Villamor-Vázquez M, Merten A, Gich I, Mancebo J, Català-Puigbó E, Baños JE. Evaluation of pain during mobilization and endotracheal aspiration in critical patients. Med Intensiva. 2016 Mar;40(2):96-104. doi: 10.1016/j.medin.2015.03.004. Epub 2015 May 23.

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