Olá colegas. Em um passado não muito distante, fui questionado por uma Médica Intensivista sobre o manejo da FiO2 no Retorno à Circulação Espontânea (RCE) para minimização da Síndrome Pós PCR. Realmente esse é um tema muito importante, já que o senso comum nos diria para instituir uma FiO2 de 100%, mas o buraco é um pouco mais fundo. Esse ainda é um tema um pouco controverso, mas já existem recomendações, inclusive da American Heart Association, sobre o assunto.
Estudos em modelo animal demonstraram que a manutenção de PaO2> 350 mmHg logo após o RCE, induziu Aumento de disfunção metabólica neuronal com consequente degeneração. Esse fato poderia ter um resultado funcional preocupante.
Outros resultados demonstram que a Hiperóxia (Moderada: 101-299 mmHg e Severa: >300 mmHg) não tem o potencial agravador, ou seja, não piora o quadro clínico do paciente, mas está relacionado com Mortalidade. Isso mesmo colegas, nesses casos a chance de morte pode ser 30% Maior, do que daqueles onde a hiperóxia foi evitada/manejada. A recomendação da American Heart Association no Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care Science é a manutenção de SpO2 entre 94-96% . Outro fator que devemos nos preocupar é a PaCO2. Não é incomum a presença de Acidose Metabólica, inclusive a mesma é uma das causas de AESP, então uma alternativa seria o uso da Hiperventilação para o manejo da mesma. A hiperventilação é uma conduta que deve ser tomada com muita cautela e com as indicações corretas, já que pode ser muito perigosa. A redução de 1 mmHg de PaCO2 tem a capacidade de reduzir o Fluxo Sanguíneo Cerebral de 2-4%, e levando em consideração que o FSC já está reduzido devido a PCR, essa conduta não é recomendável, devendo se aguardar pelo menos 30 minutos para avaliação e instituição terapêutica mais adequada.

Espero ter ajudado e até a próxima!!!


Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta do Hospital Sancta Maggiore - Prevent Senior
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa





Referências:
1- Wang CH, Chang WT, Huang CH, Tsai MS, Yu PH, Wang AY et al.The effect of hyperoxia on survival following adult cardiac arrest: a systematic review and meta-analysis of observational studies. Resuscitation. 2014 Sep;85(9):1142-8.
2- Elmer J, Wang B, Melhem S, et al. Exposure to high concentrations of inspired oxygen does not worsen lung injury after cardiac arrest. Critical Care. 2015;19(1):105.
3- Elmer J, Scutella M, Pullalarevu R, Wang B, Vaghasia N, Trzeciak S et al.  The association between hyperoxia and patient outcomes after cardiac arrest: analysis of a high-resolution database. Intensive Care Med. 2015 Jan;41(1):49-57.
4- American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care Science. Part 9: Post–Cardiac Arrest Care.In 2010 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Circulation.2010; 122: S768-S786.