27 de novembro de 2015

Velocidade da caminhada: O Sexto Sinal Vital

Saudações caros colegas!!!

A Fisioterapia Hospitalar vem crescendo muito nos últimos anos, muito disso se deve ao fato de termos mais respostas sobre o nosso trabalho dentro do hospital. Muitas ferramentas funcionais (Post - Avaliação de Mobilidade/Funcionalidade em Pacientes Críticos) estão disponíveis para que possamos traçar de forma mais exata um Planejamento Terapêutico, bem como critérios funcionais de alta hospitalar e indicadores de qualidade e segurança de atendimento fisioterapêutico.

Dentre essas ferramentas, a Velocidade de Caminhada, obtida através do Teste de Caminhada de 10 metros, parece ser uma ferramenta muito útil para critério de alta e encaminhamento para continuidade de atendimento fisioterapêutico em serviços de menor complexidade.

Já discutimos que o MRC é um bom marcador para esse tipo de encaminhamento (Post - Por que devemos nos preocupar com o MRC no momento da alta?).  

O Teste de Caminhada de 10 metros é um teste muito simples que consiste em utilizar um corredor de 20 metros, onde os primeiros 5 metros são denominados como Zona de Aceleração e os últimos 5 metros são a Zona de Desaceleração. Após os primeiros 5 metros, o avaliador inicia o cronômetro, que vai medir o tempo que o paciente levará para percorrer 10 metros. Depois é calculada a Velocidade de Caminhada.

Velocidade de Caminhada abaixo de 0,6 m/s foi associada a Menor Funcionalidade (para AVD's e AIVD), Maior risco de reinternação hospitalar, Maior necessidade de utilização de serviços de reabilitação e de dispositivos auxiliares de marcha, tanto domiciliar quanto comunitária.

Já uma Velocidade de Caminhada acima de 1 m/s está associada a Independência Funcional, Menor risco de queda e Deambulação sem auxílio.

Então além da MRC, a Velocidade de Caminhada é um ótimo marcador de Qualidade e um critério de encaminhamento para continuidade de atendimento Fisioterapêutico.

Particularmente, utilizo na minha prática clínica a meta de velocidade, sempre que possível, acima de 3,6 Km/h (1 m/s), aumentando de acordo com o BORG (3-5).

Até a próxima!!!


Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta da UTI Geral do Hospital Geral do Estado Prof. Osvaldo Brandão Vilela - AL
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa




Referência

1- Fritz S, Lusardi M. White Paper: “Walking Speed: the Sixth Vital Sign”. Journal of Geriatric Physical Therapy. 2009; 32(2):1-5.

15 de novembro de 2015

The Early Mobility Bundle - Vamos seguir o exemplo?

Olá colegas!!! 

Já discutimos em algumas postagens os efeitos benéficos da Mobilização Precoce em pacientes na UTI em vários desfechos. Ao realizar uma adequada avaliação e criação de um Plano Terapêutico, podemos realizar uma progressão mais direcionada. Em alguns locais, quando o paciente está de alta da UTI, esse Planejamento é refeito e em alguns casos, se perde um pouco da continuidade.

Em um hospital de Birmingham, foi criado o The Early Mobility Bundle, com intuito de se realizar o Planejamento Terapêutico pelas equipes da UTI e da Enfermaria/Ala de forma conjunta, objetivando a continuidade desse plano. 

O estudo teve duração de 6 meses, com avaliação de 1179 pacientes (678 pacientes expostos ao Bundle e 501 que foram utilizados como Grupo Controle). Os pacientes utilizados como GC, eram pacientes de outro hospital com características semelhantes. Os desfechos foram Pneumonia Hospitalar, Tempo de internação hospitalar, Taxa de quedas, Tempo de atividade diária e Número de Passos/dia.

O Bundle de Mobilização foi composto de prescrição de Deambulação, Necessidade de utilização de Dispositivos auxiliares para Marcha, Cinesioterapia individualizada e Terapia Ocupacional. Ele tinha início na UTI e era dado o seguimento nas Enfermarias/Alas até o momento da alta.

O resultado da implementação foi que a incidência de Pneumonia foi 50% menor no grupo submetido ao Bundle [25 (3,6%) vs 50 (10%) casos p<0.0001], além de o Tempo de Atividade Diária ter sido maior (83 vs 40 minutos/dia p=0.044), bem como o Número de Passos/dia ter sido maior também (1103 vs 388 passos/dia p=0.032).

Como resultados não esperados, a Taxa de Quedas foi maior no Grupo exposto ao Bundle (29% vs 18% p=0.001) e o Tempo de Internação Hospitalar foi semelhante (9 vs 8 dias p=0.356).

Esses resultados mostram o quanto pode ser benéfico, integrar os Fisioterapeutas dos diferentes setores do hospital na concepção de um Planejamento Terapêutico Singular.

Até a próxima!!!


Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta da UTI Geral do Hospital Geral do Estado Prof. Osvaldo Brandão Vilela - AL
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa




Referência:

1- Stolbrink MMcGowan LSaman HNguyen TKnightly RSharpe J et al. The Early Mobility Bundle: a simple enhancement of therapy which may reduce incidence of hospital-acquiredpneumonia and length of hospital stayJ Hosp Infect. 2014 Sep;88(1):34-9.

6 de novembro de 2015

Simulador de Ventilação Mecânica - EVITA XL, EVITA 4 e EVITA DURA 2 - Dragër

Olá colegas, segue o link do Simulador de VM da Dragër para os modelos EVITA XL, EVITA 4 e EVITA DURA 2.







LINK: Simulador Ventilador Mecânico Evita XL, 4 e Dura 2 - Dragër




Instruções:

1- Ao baixar o arquivo, clique primeiro no Botão Baixar (com uma figura de uma Nuvem com uma seta apontada para baixo). Ao clicar, abrirá outra página, nela clique em Baixar Grátis (vai esperar alguns segundos, mas vai iniciar sozinho);

2- O arquivo está no compactado no formato .rar, então precisa de um Programa como Winrar ou semelhante;

3- Extraia o arquivo, que é composto por algumas pastas;















4- O simulador irá abrir clicando em start_evita_trainer;



5- Escolha entre os 3 modelos.

















6- No modelo escolhido, clique em Simulation e depois em Start Simulation;




















7- Aproveite o aprendizado.




Até a próxima.

4 de novembro de 2015

Quem sai mais rápido do Leito e do Ventilador Mecânico, Homens ou Mulheres?

Saudações meus caros colegas de Mobilização!!!

Será que o gênero possui alguma influência em desfechos de nosso interesse em pacientes críticos? 
Um estudo brasileiro, realizado no Hospital Ministro Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu tentou verificar se realmente há alguma influência do gênero em desfechos como Saída do Leito e Saída da VM.

Foram estudados 105 indivíduos (53 do gênero feminino e 52 do masculino) quanto a Tempo para Saída do Leito, Tempo para Retirada de Sedação, Tempo de VM, Capacidade para realizar exercícios fora do leito, Tempo de UTI e de internação hospitalar e Escore APACHE II.

O resultado foi que o Gênero Feminino ficou 1,9 dias a menos na Ventilação Mecânica (6,7 vs 4,8 dias), 1,6 dias a menos de Sedação (3,6 vs 2,0 dias) e saiu 2,6 dias mais cedo do Leito (5,7 vs 3,1 dias). 

Muito interessante esse resultado...

Mas dando uma olhada na Boa e Velha Tabela 1 (há se eu pudesse chamar a Tabela 1 para tomar um café...), aquela que entrega alguns viéses importantes e que muita gente deixa de olhar, podemos ver que o Gênero Feminino foi mais Estável Clinicamente, com APACHE II médio de 12,3,  contra 23,1 das pessoas do Gênero Masculino, além disso a causa de VM nas mulheres, na sua maioria foi de Pós-Cirúrgico (47% vs 39%), esses dois fatos, por si, já garantiriam um Tempo de VM e para Saída do Leito menores, apesar de a Mortalidade ter sido equivalente nos dois grupos.


Podem haver diferença entre gêneros em outros aspectos, mas não podemos afirmar que haja para Tempo de VM e para Saída do Leito (até o momento).

Até a próxima!!!

Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta da UTI Geral do Hospital Geral do Estado Prof. Osvaldo Brandão Vilela - AL
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP

LinkedIn: Caio Veloso da Costa



Referência:
1- Daniel CR, Alessandra de Matos C, Barbosa de Meneses J, et al. Mechanical ventilation and mobilization: comparison between genders. Journal of Physical Therapy Science. 2015;27(4):1067-1070.