24 de julho de 2014

Escala Perme de Avaliação Funcional em UTI. Estamos no caminho certo!

Olá pessoal, nos últimos posts, venho discutindo sobre a Mobilização Precoce em Pacientes internados em UTI's. Esse post vai se concentrar em mais uma ferramenta que irá nos auxiliar a sistematizar a nossa terapia.
Em um dos posts falei sobre a PFIT e sua utilidade, pois além de avaliar o status funcional dos pacientes em UTI's, nos dá um norte sobre a prescrição da Mobilização.
Este irá falar sobre uma nova alternativa de se avaliar a Funcionalidade em Terapia Intensiva. Recentemente assisti a uma palestra do Fisioterapeuta Ricardo Kenji, de Ribeirão Preto e que realizou parte de seu doutorado em Houston. Nessa palestra, ele comentou sobre Escalas Funcionais em UTI e dentre elas a Perme ICU Mobility Scale, que inclusive, é um dos autores.
A proposta em contraste às outras escalas, era a de Identificar e Eleger os possíveis pacientes para a Mobilização Precoce, além de verificar a Funcionalidade. Acho, que essa foi a Grande Idéia desse grupo. Se analisarmos A ICU Mobility Scale ou a Functional Status Score-ICU, elas me dão apenas o quadro Funcional e a FSS soa muito mais como uma MIF adaptada. Além disso a Perme apresenta instruções mais detalhadas.
A Perme possui 7 categorias: Status mental, Possíveis Barreiras à mobilização, Força, Mobilidade no leito, Transferências, Marcha e Endurance. Com um total de 15 itens a serem avaliados, com pontuação que varia de 0 a 32 pontos.
A Categoria Status mental se propõe a verificar se os pacientes são hábeis a obedecer comandos, o que é de extrema importância para a execução de exercícios; Nas Possíveis barreiras, são verificados os dispositivos que podem impossibilitar a mobilização como tubos, cateteres, dor, uso de medicamentos vasopressores, entre outros. Esse, na minha opinião, é um dos pontos chave da escala, pois ela me dá subsídios objetivos de discussão com a equipe para a sistematização da Mobilização desses pacientes.
Na categoria Força, é avaliada o que eles denominaram de Força Funcional, avaliada em Membros Superiores e Inferiores bilateralmente, avaliando a capacidade de realização de Flexão de quadril acima de 20º com joelho estendido, com o paciente em DD e realização de Flexão de ombros acima de 45º com cotovelos estendidos.
Mobilidade no leito se refere a capacidade de se transferir de DD para sentado (Não realiza ou total assistência, Realiza com muita ajuda, pouca ajuda ou mínima ajuda) e manutenção da posição sentada na beira do leito (Não realiza ou total assistência, Realiza com muita ajuda, pouca ajuda ou mínima ajuda). Nas Transferências, se avalia a capacidade de Sentado para em pé, Ortostatismo e Transferência do leito para a Poltrona, assim como na categoria mobilidade, os níveis de assistência avaliados são os mesmos.
Nas últimas categorias, são avaliadas Marcha e Endurance, a Marcha como capacidade de Deambular (ou não) com muita, moderada ou pouca assistência e Endurance como a capacidade de dar uma certa quantidade de passos em 2 minutos.
Nessa escala, quanto maior a pontuação, maior o Status funcional do paciente. Mas essa escala é reprodutível?
O primeiro ponto, é que o processo de validação da Perme foi realizada em uma UTI de pacientes com enfermidades Cardiovasculares e a amostra foi obtida através de avaliação consecutiva de 35 pacientes em dois meses no ano de 2012. A aplicação da escala foi  feita por dois Fisioterapeutas independentes, com mais de 5 anos de prática clínica, excluindo os autores da escala. Os avaliadores receberam treinamento para execução da escala. 
Para se estimar a variação entre diferentes avaliadores, é utilizado o Coeficiente de Correlação Intraclasse com seu valor K, quanto mais próximo de 1, mais reprodutível é o objeto estudado. O resultado encontrado foi uma concordância de 94,29%, porém com variação entre cada item. Esse é um bom resultado e mostra a reprodutibilidade geral da Perme. Mas antes de sairmos aplicando a escala nas nossas UTI's, temos de nos lembrar que a escala ainda não foi Traduzida, Adaptada e Validada para o Português brasileiro.
O que me deixa empolgado com o surgimento dessas escalas é que estamos tomando o caminho certo na solidificação da Fisioterapia em UTI, para que possamos nos libertar do Terapeuta Respiratório como atuação exclusiva.

Então, vamos Mobilizar nossos pacientes?

Até a próxima!!!

Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP

LinkedIn: Caio Veloso da Costa


Referência: Perme C, Nawa RK, Winkelman C, Masud F.A Tool to Assess Mobility Status in Critically Ill Patients: The Perme Intensive Care Unit Mobility Score.Methodist Debakey Cardiovasc J. 2014;10(1):41-9.

7 de julho de 2014

Mobilização Precoce é essencial à Funcionalidade no paciente sobrevivente à Terapia Intensiva.

Olá pessoal, o tema desta semana é sobre as possíveis intervenções que podem ter influência no status funcional dos nossos pacientes que sobreviveram à internação na UTI.
Existem alguns estudos que correlacionam a internação em UTI com pobre status funcional no momento da alta e um ano após.
Algumas intervenções como traqueostomia precoce, testes de respiração espontânea rotineiros  e mobilização precoce, são descritas como medidas que podem auxiliar no status funcional no período após a alta desses pacientes.
Para tentar responder a essa questão, um grupo composto por profissionais de Indianápolis e Nashville (EUA), realizou uma revisão sistemática, na qual verificaram se os procedimentos Fisioterapia, Traqueostomia precoce, Testes de Respiração Espontânea rotineiros, Nutrição parenteral e Despertar diário seriam intervenções eficazes na prevenção de queda da funcionalidade de pacientes sobreviventes à Terapia Intensiva.
A revisão compreendeu as bases MedLine, Embase, CINAHL e PEDro e foi realizada por dois avaliadores independentes. Foram incluídos 14 estudos e os resultados foram interessante.
Apenas o procedimento Fisioterapia/Exercício teve impacto positivo a longo prazo nessa variável e nesse perfil de paciente.
Importante salientar, que apesar desse resultado, não podemos desprezar que as outras intervenções ajudam, e muito, o nosso trabalho. Pois sedação é uma das maiores barreiras a nossa terapia, e que uma traqueostomia facilita bastante o nosso trabalho. 
Existem alguns protocolos que estão propondo follow-up de reabilitação para pacientes no pós-alta de UTI, imagino que os resultados serão bons.

Então, vamos mobilizar nossos pacientes?

Até a próxima!!!

Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP

LinkedIn: Caio Veloso da Costa

Referência;
1: Calvo-Ayala E, Khan BA, Farber MO, Ely EW, Boustani MA. Intervensions to improve the Physical Function in ICU survivors: A sistematic review. Chest. 2013;144(5):1460-80