7 de janeiro de 2015

A Mobilização que você faz, Faz a diferença!

Olá colegas, o post de hoje vai falar sobre o primeiro grande estudo com desfechos interessantes para a Mobilização Precoce.

Publicado na Lancet em 2009, o estudo dos autores William D Schweickert, John P Kress et al, é contemporâneo ao estudo publicado pelo Gosselink (O estudo do cicloergômetro passivo). A diferença é que este estudo se propôs a verificar se a terapia comum (Mobilização Passiva, Ativa-assistida, Ativa-resistida, Sentar e Caminhar) seria eficaz, já que o Dr. Gosselink havia obtido bons resultados com uma Máquina.

Foi realizado um Ensaio Clínico Aleatório  Bicêntrico, nos Hospitais University of Chicago Medical Center e University of Iowa Hospitals. 

O objetivo do estudo foi avaliar resultados funcionais, e desfechos neuro-psiquiátricos em pacientes submetidos a Mobilização Precoce na UTI. 
Os critérios de inclusão foram pacientes acima de 18 anos, Tempo de VM entre 24 e 72 h e índice de Barthel ≥ 70 obtidos a partir da função do paciente duas semanas antes da admissão. Sendo excluídos aqueles com rápido desenvolvimento de doença neuromuscular, PCR, aumento da pressão intracraniana e membros ausentes.

Foram estudados 104 pacientes (de acordo com cálculo de tamanho de amostra), 49 do Grupo Mobilização e 55 no Grupo Controle.

Figura 1
Foram avaliados: 
1- O número de pacientes que retornaram ao estado funcional independente de alta hospitalar. 

2- Estado funcional independente foi definido como a capacidade de executar seis AVD's (banho, vestir, comer, higiene, transferência da cama para a cadeira, usar o banheiro) e caminhar de forma independente (MIF)

2- Número de dias de internação com delírium

3- Número de dias fora da ventilação mecânica, durante os primeiros 28 dias de internação

4- Tempo de permanência na UTI e no hospital. 

Pontuação do Índice de Barthel, a distância percorrida sem ajuda; número de pacientes com diagnóstico de paralisia adquirida na UTI, e força muscular periférica (dinamometria) na UTI e na alta hospitalar.

O protocolo de Mobilização Precoce foi simples e factível:

1. Pacientes Arresponsivos - Mobilização Passiva dos 4 membros – 10 repetições nas direções cardinais todas as manhãs;

2. Responsivos: Ativos-Assistidos e Resistidos; se bem tolerados, progressão para mobilidade e sedestação no leito; Sedestação + AVD’s (com terapeuta ocupacional); Sentar-Levantar; Deambular.

Figura 2
Os resultados foram muito bons. O retorno à independência funcional foi maior no Grupo Mobilização (59 % vs 35% p=0,02), houve menor duração de Delirium (2 vs 4 dias p=0,02) e maior tempo livre de VM (23,5 vs 21,1 dias p=0,05). Mortalidade e Tempo de internação hospitalar não houve diferenças significantes.

O desfecho de Funcionalidade apresentou um ótimo resultado (Figura 1 mostra a Probabilidade de retorno a Independência e Figura 2 Os resultados na  melhora das AVD's).

O ponto negativo para o estudo é que a Funcionalidade foi medida através de um instrumento não uti-específico, já que Barthel não possui propriedades clinimétricas adequadas para avaliar este desfecho nesse perfil de paciente.

Este estudo foi um dos com melhor delineamento e com desfechos mais interessantes, utilizando a Mobilização mais comum, sem tecnologias, mostrando o quanto a essência da Fisioterapia - O Movimento - é poderosa.


Até a próxima.

Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta do Hospital Sancta Maggiore - Prevent Senior
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP

LinkedIn: Caio Veloso da Costa




Referências

1.Schweickert WD, Pohlman MC, Pohlman AS, Nigos C, Pawlik AJ, Esbrook CL, Spears L, Miller M, Franczyk M, Deprizio D, Schmidt GA, Bowman A, Barr R, McCallister KE, Hall JB, Kress JP. Early physical and occupational therapy in mechanically ventilated, critically ill patients: a randomised controlled trial. Lancet. 2009;373:1874–82





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