26 de janeiro de 2015

Eletroestimulação Neuromuscular - Não tão rápido!

Por Wesla Neves.
Olá colegas, hoje vamos comentar um pouco sobre Eletroestimulação Neuromuscular (EENM) em Pacientes Críticos.
Em congressos e aulas sobre Mobilização Precoce, a EEMN aparece sempre como um mecanismo adjuvante na melhora funcional para os pacientes críticos. Mas será que todas as perguntas sobre o assunto já foram respondidas, para que possamos de fato, realizá-la na nossa rotina?
A EENM consiste na ação de estímulos elétricos aplicados sobre o músculo, através do sistema nervoso periférico íntegro, com objetivo de restaurar funções motoras e sensoriais.  A contração induzida por este artefato ocorre de modo diferente da contração muscular fisiologicamente induzida. Durante a EENM, o recrutamento ocorre de forma inversa à fisiologia: as fibras rápidas são as primeiras a serem recrutadas, sendo que esse fenômeno ocorre porque o estímulo elétrico é aplicado externamente à terminação nervosa e pelo fato de as células maiores, com resistência de input axonal baixa, serem mais excitáveis.
Tabela 1.
Uma revisão sistemática de ensaios clínicos realizada pela UNESP, tentou verificar as evidências do uso deste instrumento.
Foram encontrados 4 ensaios, bem heterogêneos e com objetivos e desfechos diferentes. Uma síntese dos resultados se encontra na tabela 1.
Mas vou me ater ao comentário de dois estudos, já que de um modo geral, a EENM foi benéfica.
No estudo realizado por  Gruther et al. estudou 33 pacientes em dois grupos: G1: EENM precoce (< 7 dias de internação) e G2: EENM após 14 dias. Ambos os grupos possuíam Controles por Placebo. A estimulação foi realizada com ondas bifásicas com Frequência de 50 Hz, Largura de pulso de 0,35 ms e Tempo On/Off de 8s/24s no Quadríceps com intensidade a Contração visível. Na primeira semana, foi realizado 30 minutos por dia, aumentando para 60 minutos na segunda semana. O desfecho principal foi o Diâmetro muscular. O resultado foi que a EENM só foi benéfica, quando iniciada de forma tardia, apesar de a EENM reduzir a perda muscular.
No estudo de Poulsen et al, foram estudados 8 indivíduos com Choque Séptico, ou seja, estavam em uso de Drogas Vasoativas. A EENM utilizou ondas bifásicas com Frequência de 35 Hz, Largura de pulso de 0,3 ms, Tempo On/Off de 4s/6s e Tempo de subida/descida de 0,5s. Foi realizada durante 7 dias consecutivos por 60 minutos, com a Coxa esquerda como Controle e o protocolo interrompido quando eram iniciados os exercícios resistidos e de descarga de peso. Os autores tiveram o cuidado de monitorar o estado nutricional e a ingesta calórica. Como resultado, foi verificado que não houve diferença entre o lado estimulado e não estimulado, sendo que no lado estimulado, a perda de massa muscular foi maior, porém sem diferença significante (20% vs 16%).
Apesar de os desfechos, características de pacientes, e até protocolos bem diversificados, o que podemos tirar da evidências disponíveis até o momento, é que parece, eu disse parece, que os benefícios dessa terapia estão atreladas a um quadro clínico mais estável (sem hipermetabolismo). Isso não significa que não podemos usar, mas que ainda devemos ter cuidado ao usar a EENM.

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Até a próxima.

Referências:
1. Ferreira LL, Vanderlei LCM, Valenti VE. Estimulação elétrica neuromuscular em pacientes graves em unidade de terapia intensiva: revisão sistemática. einstein. 2014;12(3):361-5.

2. Gruther W, Kainberger F, Fialka-Moser V, Paternostro-Sluga T, Quittan M, Spiss C, et al. Effects of neuromuscular electrical stimulation on muscle Layer thickness of knee extensor muscles in intensive care unit patients: a pilot study. J Rehabil Med. 2010;42(6):593-7.


3. Poulsen JB, Møller K, Jensen CV, Weisdorf S, Kehlet H, Perner A. Effect of transcutaneous electrical muscle stimulation on muscle volume in patients with septic shock. Crit Care Med. 2011;39(3):456-61.


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