8 de julho de 2015

Recordar é Viver: Kathy Stiller

Saudações caros colegas!

De volta com a coluna temática sobre a nossa história. Talvez você até tenha escutado falar sobre a australiana Kathy Stiller, e aposto que não foi bem.

Mas o que essa senhora fez para ser/ter sido persona non grata?

Stiller  realizou uma Revisão Sistemática de 50 estudos sobre a atuação da Fisioterapia na UTI no ano de 2000. O resultado encontrado no momento, foi uma série de técnicas que envolviam Posicionamento, Mobilização (Ativo e Saída do Leito), Padrões respiratórios com Ambú, Percussão/Vibração, Aspiração, Exercício de membros e Mudança postural no leito. A conclusão foi:

  • Forte Evidência: Reversão de Atelectasia lobar, Posicionamento do pulmão afetado para cima melhora Oxigenação, Pré-oxigenação antecedente à Aspiração reduz risco de hipoxemia, Mudança postural no leito reduz risco de complicações pulmonares.
  • Moderada Evidência: Fisioterapia tem efeito benéfico a curto prazo na Função pulmonar, Padrões com Ambú possuem efeito de curto prazo na Função pulmonar.
  • Fraca ou Nenhuma Evidência: Fisioterapia de rotina reduz complicações pulmonares na UTI, Fisioterapia facilita Desmame, e reduz Tempo de UTI e Hospitalar e Mortalidade, Fisioterapia melhora Força, Funcionalidade e previne Fraqueza e Deformidades.
Com uma conclusão dessas, era de se esperar realmente que a situação dela não fosse ficar tranquila. E essa situação é muito comum, o sentimento negativo que muitos colegas criam ao escutar o resultado de uma Revisão Sistemática, ao concluir que certas expertises e técnicas não possuem resultados em alguns desfechos. 

"ENTÃO VOCÊ ESTÁ QUERENDO DIZER QUE O QUE EU FAÇO NÃO TEM EFEITO NENHUM?!". Devemos lembrar que ausência de evidência, não necessariamente é ausência de efeito.
E ela esperou 13 anos para poder se redimir.
No ano de 2013, Stiller publicou uma atualização da tão criticada revisão. Nessa atualização, ela encontrou novas modalidades de atuação. Foi encontrada Fisioterapia Respiratória, Treinamento Muscular Inspiratório, Eletroestimulação Neuromuscular e Mobilização, com 35 novos estudos incluídos, sendo a maioria publicado nos últimos 5 anos. 
E o panorama foi completamente outro:

  • Forte Evidência: Eficácia dos protocolos de Mobilização.
  • Moderada Evidência: TMI é eficaz no desmame de pacientes em VM prolongada, EENM reduz incidência de polineuropatia do doente crítico e tempo de desmame, Fisioterapia Respiratória reduz tempo de VM e de UTI.
  • Faltam respostas sobre adequada Prescrição de Fisioterapia (dose, intensidade, duração e frequência), bem como avaliação de Funcionalidade.
Mas o interessante foi a mensagem final deixada.


"Uma vez que a demanda por serviços de Fisioterapia muitas vezes ultrapassa os recursos disponíveis e as novas evidências apontam que a mobilização precoce e sistemática  é a intervenção mais eficaz da Fisioterapia nesses pacientes (críticos), os Fisioterapeutas em UTI  devem dar Prioridade às intervenções destinadas a adoção de protocolos de mobilização precoce."

Até a próxima e que a mensagem de Stiller seja levada em consideração!!!


Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta do Hospital Sancta Maggiore - Prevent Senior
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP

LinkedIn: Caio Veloso da Costa




Referências:
1- Stiller K. Physiotherapy in Intensive Care: Towards an Evidence-Based Practice. CHEST. 2000; 118:1801–13.
2- Stiller K. Physiotherapy in Intensive Care: An Updated Systematic Review. CHEST. 2013; 144(3):825–47








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