26 de abril de 2017

Protocolo de Estratificação e Fisioterapia Respiratória no pós-operatório de cirurgias cardio-torácicas: faz diferença?

Olá colegas.

A atuação no período pós-operatório de cirurgias cardio-torácicas já é bem estabelecida e amplamente reconhecida. Nossa presença na equipe multiprofissional é sólida e altamente requisitada nas unidades específicas com esse perfil de paciente.

O manejo adequado desse paciente está associado a menor taxa de complicações pulmonares, menor tempo de internação hospitalar, maior capacidade funcional, bem como na redução de custos. Esses resultados são mais pronunciados na presença de protocolos assistenciais. 

Quando um paciente é readmitido na UTI, a chance de mortalidade aumenta em até 7 vezes. A taxa de readmissão varia de 2 a 9%.

O estudo Impact of a Respiratory Therapy Assess-and-Treat Protocol on Adult Cardiothoracic ICU Readmissions  veio para demonstrar como um protocolo de avaliação, indicação e tratamento protocolado pode ser eficaz na redução de readmissões na UTI nesse tipo de paciente.

Foi realizado um estudo retrospectivo de 1400 pacientes submetidos a cirurgia cardíaca ou torácica 22 meses.

Figura 1
Os pacientes eram estratificados de acordo com uma avaliação padronizada (Figura 1) e classificados em Disfunção Leve (3-4 pontos; risco mínimo de complicações pulmonares e necessidade de orientações), Moderada (5-6 pontos; elevado risco de complicações pulmonares necessidade de monitorização e intervenção) e Severa (>7 pontos; complicação instalada e necessidade de terapia mais frequente e intensificada).

O protocolo de atendimento se dava da seguinte forma:

1- Disfunção Leve: Inspirações Profundas - 10/hora enquanto acordado; se não responder, Inspirômetro de Incentivo orientado à Volume para monitorização diária da Capacidade Inspiratória;

2- Disfunção Moderada: Dispositivo de PEP (10-20 cmH2O) 3 vezes ao dia; se não melhorar em 12 horas, MetaNeb (dispositivo de PEP + Oscilação de Alta Frequência) a cada 4 horas com duração de 24 minutos;

3- Disfunção Severa: MetaNeb 4 vezes ao dia com duração de 24 minutos; se não melhorar em 12 horas, VNI (8-10 cmH2O) 3 horas a cada 6 horas.

A Taxa de Readmissões foi de 5,8% (IC 95% 4.3–7.9), o Tempo de Internação em UTI foi de 2 dias e Tempo de Internação Hospitalar de 7 dias. Dos pacientes que foram readmitidos na UTI, 38% foram devido a insuficiência respiratória hipercápnica, 35% devido insuficiência respiratória hipoxêmica e 27% por hipersecreção.

Essa abordagem é interessante já que mostra como podemos estratificar e manejar esse perfil de paciente de acordo com a disfunção e não baseado somente no diagnóstico clínico. E que a estratificação é importante para a tomada de boas escolhas clínicas para os pacientes.

Mas temos que ressaltar que a Saída do Leito é extremamente importante no manejo desse paciente, e o estudo se concentra no manejo respiratório.

Até a próxima!!!

Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta do Hospital Sancta Maggiore - Prevent Senior
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa




Referências:

1- Kramer AA, Higgins TL, Zimmerman JE. The association between ICU readmission rate and patient outcomes. Crit Care Med 2013;41(1):24-33

2- Dailey RT, Malinowski T, Baugher M, Rowley DD. Impact of a Respiratory Therapy Assess-and-Treat Protocol on Adult Cardiothoracic ICUReadmissions. Respir Care. 2017 Feb 21. pii: respcare.05269. doi: 10.4187/respcare.05269

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