17 de abril de 2016

VNI no Trauma Torácico - Tórax instável ainda é indicação de intubação?

Olá colegas!!!
Algumas bibliografias ainda trazem o Tórax instável como indicação de VMI, mas essa recomendação é baseada em evidências atuais?

O uso de Ventilação Não Invasiva vem sendo descrito recentemente como medida terapêutica, em alternativa à IOT e as evidências nem são tão atuais assim...

Em estudo realizado na Turquia e conduzido por Gunduz et al., foi comparado o uso de CPAP (22 pacientes) vs IOT (21 pacientes) em pacientes com Tórax instável e com sinais clínicos de Insuficiência Respiratória Aguda (FR> 25 rpm, SpO2< 90% com Oxigênio complementar acima de 10 L/min e PaO2/FiO2 < 200 com FiO2 de 100%). Foi encontrado uma menor Taxa de Pneumonia (4 vs 10 p= 0,001) e uma Menor Mortalidade (2 vs 10) nos pacientes que utilizaram a VNI, porém sem diferenças no Tempo de internação hospitalar.

Em outro estudo, realizado por Bolliger e Van Eeden,  a VNI também foi favorável em desfechos como Mortalidade (0% vs 6%), Tempo de internação hospitalar (5,3% vs 9,5%) e Taxa de Pneumonia (14% vs 49%). Vale ressaltar que neste estudo, o grupo que foi randomizado para VMI, tinha menor nível de consciência. 

Nos estudos de coorte conduzidos por Vidhani et al. a Mortalidade foi menor quando foi utilizada a VNI (0% vs 50%), já no estudo de Linton et al. o Tempo de internação hospitalar (7 vs 12 dias) e a Taxa de Pneumonia (0 vs 38%) foram menores. Lembrando que a inferência de eficácia com o uso da VNI fica prejudicado, dado o desenho do estudo.

Quando comparado o uso da VNI com Oxigenoterapia de alto fluxo, a Taxa de IOT foi menor (12% vs 40% p=0,02), bem como o Tempo de Internação (14 vs 21 dias p=0,001).

Então, começa a se abrir mais uma indicação de VNI nos Prontos Socorros do Brasil.

Até a próxima!!!


Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta do Hospital Sancta Maggiore - Prevent Senior
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa




Referências:

1- Karcz MK, Papadakos PJ. Noninvasive ventilation in trauma. World Journal of Critical Care Medicine. 2015;4(1):47-54.
2- Duggal A, Perez P, Golan E, Tremblay L, Sinuff T. Safety and efficacy of noninvasive ventilation in patients with blunt chest trauma: a systematic review. Critical Care. 2013;17(4):R142. 
3- Hernandez G, Fernandez R, Lopez-Reina P, Cuena R, Pedrosa A, Ortiz R, Hiradier P. Noninvasive ventilation reduces intubation in chest trauma-related hypoxemia: a randomized clinical trial. Chest.2010;17:74–80. doi: 10.1378/chest.09-1114.
4- Bolliger CT, Van Eeden SF. Treatment of multiple rib fractures: randomized controlled trial comparing ventilatory with nonventilatory management. Chest. 1990;17:943–948.
5- Gunduz M, Unlugenc H, Ozalevli M, Inanoglu K, Akman H. A comparative study of continuous positive airway pressure (CPAP) and intermittent positive pressure ventilation (IPPV) in patients with flail chest. Emerg Med J. 2005;17:325–329.


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