A Mobilização Passiva de pacientes críticos é uma das técnicas mais executadas nesse perfil de pacientes. Apesar de amplamente observada no Brasil, na Austrália, apenas 14% dos Fisioterapeutas relatam fazer a Mobilização Passiva de forma rotineira.
Mas qual o objetivo real de se fazer essa estratégia terapêutica? Quais os benefícios a curto e longo prazo? Como fazer? Quanto fazer? São muitas perguntas e vamos aos estudos.
Apesar de fazer parte da imensa maioria dos protocolos de Mobilização Precoce, a literatura sobre Mobilização Passiva não é extensa.
Um estudo clássico é o Physiological responses to passive exercise in adults receiving mechanical ventilation, publicado em 2013. Nele, foi demonstrado que a Mobilização Passiva reduz marcadores inflamatórios (interleucinas 6 e 10) e dor, mas sem alterações hemodinâmicas (frequência cardíaca, pressão arterial média e saturação periférica de O2). Nesse estudo é importante ressaltar que o tempo de mobilização foi de 20 minutos nos MMII.
Em estudo brasileiro semelhante, 13 pacientes em ventilação mecânica e com nível de sedação de 4-6 na Escala de Ramsay, foram submetidos a 5 minutos de Mobilização Passiva de MMII + 10 minutos de repouso + 5 minutos de MMSS. Foi observado aumento da frequência
cardíaca, do duplo produto e do consumo
ou captação de oxigênio pelo miocárdio, mas sem alteração da pressão arterial média.
Já no estudo Mechanisms underlying ICU muscle wasting and effects of passive mechanical loading, 7 pacientes em VM foram submetidos a Mobilização Passiva em apenas 1 dos MMII, sendo o outro, o controle. Foi realizada mobilização por 10 horas por dia, isso mesmo, 10 horas por dia, divididas em 4 sessões de 2,5 h, por 7 a 11 dias. Os resultados foram impressionantes, já que a força específica do membro mobilizado foi 35% maior que o controle, mas ambos os membros, tiveram perda de massa muscular.
A despeito desses resultados e da duração da terapia utilizada nos 3 estudos, ainda não sabemos se a utilização dessa modalidade terapêutica possui algum efeito benéfico na Funcionalidade, Força ou Capacidade Funcional. Outra coisa que temos que ter em mente é: temos tempo de realizar de 10 a 20 minutos para cada paciente, além de dispender tempo para a realização da Terapia Respiratória para todos os pacientes que não conseguem sair do leito?
Terapias como Eletroestimulação Neuromuscular e Cicloergômetro possuem mais evidências de eficácia em desfechos de interesse como os citados acima, além de cada vez mais, estarem acessíveis nas UTI's.
Temos que ter completo entendimento sobre os efeitos das nossas terapias, pois Fisioterapia baseada em evidências, é terapia segura e eficaz.
Até a próxima!!!
Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta do Hospital Sancta Maggiore - Prevent Senior
Fisioterapeuta do Hospital Sancta Maggiore - Prevent Senior
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa
Referências:
1- Wiles L, Stiller K. Passive limb movements for patients in an intensive care unit: a survey of physiotherapy practice in Australia. J Crit Care. 2010 Sep;25(3):501-8.
2- Amidei C,Sole ML. Physiological responses to passive exercise in adults receiving mechanical ventilation. American Journal of Critical Care. 2013;22:337-49.
3- Freitas ERFS, Bersi RSS, Kuromoto MY,
Slembarski SC, Sato APA, Carvalho MQ. Efeitos da mobilização passiva nas respostas
hemodinâmicas agudas em pacientes sob ventilação
mecânica. Rev Bras Ter Intensiva. 2012; 24(1):72-8.
4- Llano-Diez M, Renaud G, Andersson M, et al. Mechanisms underlying ICU muscle wasting and effects of passive mechanical loading. Critical Care. 2012;16(5):R209. doi:10.1186/cc11841.
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