Olá colegas.
O post de hoje foi uma dúvida de um aluno da Especialização de Reabilitação em Unidades de Urgência e Emergência da UNIFESP, e que sinceramente nunca havia pensado a respeito.
A Pressão Positiva já vem sendo usada a um bom tempo, na forma de Ventilação Não Invasiva, para se aumentar a Tolerância ao Exercício no processo de Reabilitação funcional de algumas doenças como DPOC, IC entre outras. E os resultados são muito bons, já que para ser eficaz e trazer todos os benefícios relacionados ao exercício físico, precisa-se de certo tempo para que exista o efeito (Princípio da Duração), e a VNI tem se mostrado eficaz em aumentar o Tempo de Exercício.
A Polineuropatia/Neuropatia/Miopatia é uma entidade que também é responsável por prolongar a VM e isso tem impacto funcional importante, incluindo a Tolerância ao Exercício. Quem trabalha em UTI, principalmente com perfil clínico/neurológico, se depara com casos de Ventilação Prolongada e Baixa tolerância a terapia.
Na mesma direção da VNI, a Pressão de Suporte pode auxiliar os pacientes com VM prolongada (mais de 6 h por dia por mais de 21 dias) a tolerarem melhor a terapia proposta.
Um estudo realizado em Taiwan no Hospital Memorial Chang Gung e publicado em Setembro deste ano, avaliou o efeito da Pressão de Suporte na Duração do Exercício. Foram incluídos 15 pacientes com VM prolongada e com falhas no Desmame, alerta e com capacidade de cooperar com o Fisioterapeuta e que estivessem Estáveis (pH entre 7,35-7,45, PaO2 > 60 mmHg com FiO2 < 40%, Ausência de Sinais de infecção e Hemodinamicamente estáveis). Foram excluídos os pacientes com doenças neurológicas e neoplásicas e aqueles que por algum motivo, não conseguissem realizar a Cicloergometria de MMSS.
O desenho do estudo foi um Ensaio Clínico Randomizado Crossover (o paciente foi o controle dele mesmo, mas em dias diferentes). e houve três avaliações, PS (Pressão de Suporte de base), PS+2 (2 cmH2O acima da base) e PS+4 (4 cmH2O acima).
Foram avaliados Frequência Respiratória, Volume Corrente, Volume Minuto, FC, Pressão Arterial, SpO2 e o Tempo de Exercício.
Dos 15 pacientes, 73% eram do gênero feminino e a idade média foi de 73 anos, sendo o mais novo com 40 anos.
Os resultados foram bem interessantes. A Tabela abaixo, demonstra que o incremento de 4 cmH2O aumentou, significativamente o Volume Corrente.
E esse aumento de Volume corrente, também se traduziu em aumento no tempo de exercício no Grupo PS+4, com o dobro de tempo até a exaustão quando comparado a Pressão de Suporte de base (143 segundos vs 72 segundos).
Outro dado importante encontrado, foi no subgrupo com PImax menor (> - 30 cmH2O), onde o incremento de PS levou a um resultado melhor quando comparado ao PS de base, já o subgrupo com maior PImax (< -30 cmH2O), ou seja, pacientes com menor PImax, foram os que mais se beneficiaram do aumento da Pressão de Suporte.
Este estudo apesar de trazer um dado muito simples, tem uma boa aplicabilidade clínica e benefícios interessantes.
Gostaria de agradecer ao Professor Marcelo Zager da Universidade do Vale do Sapucaí por ceder gentilmente este estudo.
Até a próxima
Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta do Hospital Sancta Maggiore - Prevent Senior
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa
Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta do Hospital Sancta Maggiore - Prevent Senior
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa
Referência:
1. Chen Y-H, Lin H-L, Hsiao H-F, Huang C-T, Kao K-C, Li L-F, Huang C-C, Tsai Y-H. Effects of an additional pressure support level on exercise duration im patients on prolonged mechanical ventilation. Journal of the Formosan Medical Association. 2014;113(9):1-7
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