Saudações colegas!
Nas últimas décadas a taxa de sobrevivência ao período de internação em UTI aumentou e com isso, emergiu um novo problema, a Síndrome Pós-Terapia Intensiva. De descrição recente, é o conjunto de alterações nas Funções Física, Cognitiva e Mental, com sérios impactos negativos na Funcionalidade e Qualidade de Vida. Estima-se que um paciente no momento da alta, perdeu 18% em média do seu peso corporal, somado a isso, 50% dos sobreviventes irão precisar de Cuidador e a mesma proporção de indivíduos economicamente ativos não irão retornar ao seus trabalhos em seis meses após a alta.
Na dimensão de Função Física, temos a Fraqueza Muscular Adquirida na UTI (FMAUTI), que está presente em até 80% dos pacientes com mais de 7 dias de VM e sinais dessa fraqueza pode persistir até 5 anos em 85% dos pacientes. Além disso, o paciente com FMAUTI fica o dobro de tempo na VM, 10 dias a mais na UTI e 15 no hospital e a Mortalidade é 5x maior.
Os fatores de risco para o desenvolvimento da FMAUTI são uso do Corticoesteróides, Sepse, Hiperglicemia (2 motivos (plausíveis) para o Fisioterapeuta ficar atento se o paciente está fazendo Hiperglicemia.) e o Imobilismo.
O diagnóstico clínico é realizado através da MRC com escore menor que 48 indicando o quadro de fraqueza. Em estudo onde foi avaliado a Funcionalidade através da MIF, foi evidenciado que os domínios mais afetados são os de Transferência e Locomoção, ou seja, nossa função social.
A Mobilização Precoce/Exercício constitui a única intervenção eficaz para minimizar e manejar a FMAUTI.
A dimensão Função Cognitiva está relacionada à Memória, Atenção e Raciocínio lógico, a alteração dessas características está presente de 60% a 80% dos pacientes. São descritos usos de jogos como Quebra-cabeça, Sudoku, bem como estratégias de minimização de Dellirium. Já tive experiência prática com esse manejo realizado pelos Terapeutas Ocupacionais, e faz toda a diferença.
Na dimensão Função Mental, Ansiedade, Depressão e Síndrome dos Stress Pós-Traumático (SSPT) são as principais alterações, e ao contrário da outras dimensões, esta também pode estar presente na Família, numa prevalência de 50%, podendo persistir até dois anos após o evento, sendo a Ansiedade e a SSPT as mais comuns.
Apesar de ser um conceito relativamente novo, a Síndrome Pós-Terapia Intensiva vem sendo discussão central nos últimos anos, devido seu impacto pessoal, familiar e na sociedade desta síndrome, e nós temos papel central para melhorar a Qualidade de Vida e Funcionalidade nesses pacientes.
Até a próxima!!!
Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta da UTI do Hospital Geral do Estado Professor Osvaldo Brandão Vilela - AL
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa
Referências:
1- Parker A, Sricharoenchai T, Needham DM. Early Rehabilitation in the Intensive Care Unit: Preventing Physical and Mental Health Impairments. Curr Phys
Med Rehabil
Reports. 2013;
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2- Ali NA, O'Brien JM Jr, Hoffmann SP, Phillips G, Garland A, Finley JC et al. Acquired weakness, handgrip strength, and mortality in critically ill patients.
.Am J Resp Crit Care Med. 2008;178:262-68
3- Bemis-Dougherty AR, Smith JM. What Follows Survival of Critical Illness? Physical Therapists' Management of Patients With Post−Intensive Care Syndrome. PHYS THER. 2013; 93:179-185.
4- Truong AD, Fan E, Brower RG, Needham DM. Bench-to-bedside review: Mobilizing patients in the intensive care unit – from pathophysiology to clinical trials. Critical Care. 2009;13(4):216.
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