5 de julho de 2015

Mobilização Precoce não melhora Status Funcional...

Olá colegas!

Não é novidade para nós o benefício que a Mobilização Precoce promove para os nossos pacientes, Menor Tempo de VM, de Internação na UTI e Hospitalar, Menor Mortalidade, com melhora na Qualidade de Vida e Capacidade Funcional. Mas um desfecho muito interesse para nós, é o Status Funcional.

Esse desfecho foi justamente o objeto de estudo da revisão sistemática com metanálise  Effect of Early Rehabilitation during Intensive Care Unit Stay on Functional Status: Systematic Review and Meta-Analysis, que está causando certo alvoroço devido seus resultados.

O resultado, meus colegas, foi que a Mobilização NÃO, isso mesmo, NÃO possui efeitos benéficos no Status Funcional, Força Muscular, Qualidade de Vida e Utilização de Serviços de Reabilitação após a alta, somente a Deambulação sem auxílio que teve resultado positivo...

Nós não podemos deixar de levar em consideração, o poder de uma Revisão Sistemática com Metanálise, mas temos que fazer a análise com muita calma. 

Foram utilizados 7 estudos, 6 foram utilizados para a Metanálise, com 774 pacientes dos EUA, Itália, Bélgica, Austrália e África do Sul. Eles foram avaliados quanto a sua qualidade metodológica pela Escala PEDro (pontuação de 0 a 10). O desfecho primário foi Status Funcional e os secundários foram Força muscular, Qualidade de Vida, Capacidade para Deambular e Utilização de serviços de saúde após a alta.

O primeiro ponto que temos que observar, foi que a Qualidade dos estudos. Dos 7, 3 apresentaram pontuação de 4/10, 1 apresentou 6/10, 2 apresentaram 7/10 e apenas um obteve 8/10. O que tem melhor qualidade metodológica foi o de Schweikert at al., cujo estudo já foi comentado por nós (A Mobilização que você faz, Faz a diferença!). 

O segundo ponto, é que apenas 3 estudos avaliaram o Status Funcional, e foram utilizadas 3 escalas diferentes (Barthel, Katz e PFIT), e somente um dos estudos obteve resultado positivo (Schweikert at al).

Na avaliação de Força Muscular, também houve heterogeneidade  nos métodos de Avaliação, onde foram utilizados o MRC, Preensão Palmar e Isocinético de quadríceps. Com resultado positivo apenas em um dos estudos (Burtin et al.). 

O único desfecho com resultado positivo, foi a Capacidade de Deambulação sem assistência (Risk Ratio 1.42).

Fazendo a análise, podemos perceber que os métodos de avaliação dos desfechos foram muito heterogêneos, bem como os métodos utilizados, com pouca especificidade para pacientes de UTI, como a Escala Barthel e Katz. Escalas não específicas trazem um efeito chão-teto pronunciado, fazendo com que elas não consigam perceber a melhora nesse perfil de paciente. Portanto, seria esperado que os pacientes não melhorassem, já que o uso dessas escalas foi equivocada.

Os métodos de avaliação funcional para pacientes em terapia intensiva é recente (Post - Avaliação de Mobilidade/Funcionalidade em Pacientes Críticos) e talvez a inclusão dessas novas ferramentas tragam resultados diferentes nestes desfechos. Além disso, a qualidade dos estudos compromete os resultados e ainda carecemos de avaliação com seguimento pós-alta.

Não deixemos de Mobilizar nossos pacientes.

Até a próxima!!!

Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta do Hospital Sancta Maggiore - Prevent Senior
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP

LinkedIn: Caio Veloso da Costa




Referência:

1- Castro-Avila AC, Serón P, Fan E, Gaete M, Mickan S.  Effect of Early Rehabilitation during Intensive Care Unit Stay on Functional Status: Systematic Review and Meta-Analysis. PLoS One. 2015 Jul 1;10(7):e0130722. Texto completo aqui.

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