Hoje vamos falar mais uma vez sobre Mobilização Precoce no paciente crítico, só que agora vamos tentar traçar um panorama da Frequência de Mobilização ao redor do mundo.
Nos últimos 10 anos, a publicação sobre esse tema teve um boom muito grande, chegamos a algumas respostas interessantes e até conseguimos desconstruir alguns mitos. Mas a crescente evidência de benefícios que a Mobilização Precoce proporciona, está se traduzindo em efetiva mobilização de nossos pacientes?
Os estudos que analisaram as Taxas de Mobilização ainda são poucos e localizados em grandes centros. Alemanha, França, Reino Unido, EUA, Austrália junto com a Nova Zelândia, Japão, Grécia e até o Brasil, il,il já possuem dados sobre essa prevalência.
Em um survey compreendendo UTI's da França, Alemanha, Reino Unido e EUA, mostrou que as taxas de mobilização encontradas foram 40%, 59%, 52% e 45% respectivamente. Também foi encontrado a presença de protocolos de mobilização em 24% (França), 30% (Alemanha), 20% (Reino Unido) e 30% (EUA). Neste estudo, a presença de um Fisioterapeuta na UTI aumentou em 2,48 vezes a chance dos pacientes serem submetidos a um programa de mobilização (OR, 2.48; P < 0.001).
Em um survey compreendendo UTI's da França, Alemanha, Reino Unido e EUA, mostrou que as taxas de mobilização encontradas foram 40%, 59%, 52% e 45% respectivamente. Também foi encontrado a presença de protocolos de mobilização em 24% (França), 30% (Alemanha), 20% (Reino Unido) e 30% (EUA). Neste estudo, a presença de um Fisioterapeuta na UTI aumentou em 2,48 vezes a chance dos pacientes serem submetidos a um programa de mobilização (OR, 2.48; P < 0.001).
Na Austrália e Nova Zelândia 63,5% dos pacientes Não foram Mobilizados durante a internação. A primeira mobilização ocorreu no Segundo dia após a admissão. Dos pacientes Mobilizados, 28% realizaram atividades no leito, 19% Sentaram na beira do leito, 37% foram para a Poltrona, 25% ficaram de pé e 18% Deambularam. Vale ressaltar que todos os pacientes que saíram do leito ou caminharam não estavam em VM.
Em survey realizado no Japão, apenas 17,9% das UTI's possuem Fisioterapeuta full time, sendo a maioria dos atendimentos sendo realizado por chamado. A mobilização passiva foi a terapia mais citada (78,3%), seguida da transferência para a poltrona (65,1%). Interessante ressaltar que 34,9%, 76,4% e 78% dos respondentes afirmaram que NUNCA Deambularam, fizeram Eletroestimulação Neuromuscular e Cicloergômetro com seus pacientes respectivamente. Importante citar que a maioria dos procedimentos como mobilização passiva e transferência para a poltrona também são realizadas pela equipe de enfermagem no Japão.
Na Grécia, todos os Fisioterapeutas relataram realizar Fisioterapia Respiratória e Mobilização Progressiva, 89,3% extubam seus pacientes, 99% realizam Mobilização Passiva e 59,2% Deambulam com seus pacientes. No estudo é relatado que apenas 21% do Fisioterapeutas ficam exclusivamente na UTI, sendo relatada uma relação Fisioterapeuta:Leitos de 1:12 até 1:50 leitos.
No Brasil, temos o estudo de Pires-Neto, onde foi avaliada a Taxa de Mobilização na UTI do Hospital das Clínicas-FMUSP. Como resultado, 90% dos pacientes receberam Fisioterapia Respiratória, A Taxa de Mobilização de pacientes em VM, foi de 76% (bem acima dos resultados dos outros países), destes, 55% realizaram atividades no leito e 29% saíram do leito, mas a presença de traqueostomia foi um fator facilitador para esse fato (27% com TQT vs 2% com COT). Temos que atentar que o HC-USP é um grande centro de produção científica e expertise sobre Mobilização.
São resultados animadores?
Dependo do ponto de vista. Algumas são as Barreiras para a Mobilização ou a implementação de protocolos. Dentre as barreiras mais listadas, Presença de Cateter Femural, Agitação, Instabilidade (neurológica, hemodinâmica ou respiratória), Falta de tempo do Fisioterapeuta e Falta de treinamento específico e Ausência de protocolos específicos são as mais encontradas. Nos EUA 20% dos Physical therapists relataram que não possuem treinamento para atuar em pacientes críticos.
Além disso, já está demonstrado que a implementação de Treinamento e Capacitação específicos, não só da Equipe de Fisioterapia, melhoram as taxas de Mobilização e redução das Barreiras.
Infelizmente não consegui encontrar dados de países africanos e mais países asiáticos e da américa latina.
Ainda temos um caminho longo pela frente e muito por fazer, mas estamos no caminho certo.
Até a próxima!!!
Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta do Hospital Sancta Maggiore - Prevent Senior
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa
Referências:
1- Berney SC, Harrold M, Webb SA, Seppelt I, Patman S, Thomas PJ, Denehy L. Intensive care unit mobility practices in Australia and New Zealand: a point prevalence study. Crit Care Resusc. 2013 Dec;15(4):260-5.
2- Bakhru RN, McWilliams DJ, Wiebe DJ, Spuhler VJ, Schweickert WD. Intensive Care Unit Structure Variation and Implications for Early Mobilization Practices. An International Survey. Ann Am Thorac Soc. 2016 Sep;13(9):1527-37. doi: 10.1513/AnnalsATS.201601-078OC.
3- Taito S, Sanui M, Yasuda H, Shime N, Lefor AK, Japanese Society of Education for Physicians and Trainees in Intensive Care (JSEPTIC) Clinical Trial Group. Current rehabilitation practices in intensive care units: a preliminary survey by the Japanese Society of Education for Physicians and Trainees in Intensive Care (JSEPTIC) Clinical Trial Group. Journal of Intensive Care. 2016;4:66. doi:10.1186/s40560-016-0190-z.
3- Taito S, Sanui M, Yasuda H, Shime N, Lefor AK, Japanese Society of Education for Physicians and Trainees in Intensive Care (JSEPTIC) Clinical Trial Group. Current rehabilitation practices in intensive care units: a preliminary survey by the Japanese Society of Education for Physicians and Trainees in Intensive Care (JSEPTIC) Clinical Trial Group. Journal of Intensive Care. 2016;4:66. doi:10.1186/s40560-016-0190-z.
4- Grammatopoulou E, Charmpas ETN, Strati EG, Mr Nikolaos T, Evagelodimou A, Belimpasaki V et al. The scope of physiotherapy services provided in public ICUs in Greece: A pilot study, Physiotherapy Theory and Practice, 33:2, 138-146, DOI: 10.1080/09593985.2016.1266718
6- Jolley SE, Regan-Baggs J, Dickson RP, Hough CL. Medical intensive care unit clinician attitudes and perceived barriers towards early mobilization of critically ill patients: a cross-sectional survey study.BMC Anesthesiology 2014, 14:84.
7- Malone D, Ridgeway K, Nordon-Craft A, Moss P, Schenkman M, Moss M. Physical Therapist Practice in the Intensive Care Unit: Results of a National Survey. Phys Ther. 2015.
8- Leditschke IA, Green M, Irvine J, Bissett B, Mitchell IA. What Are the Barriers to Mobilizing Intensive Care Patients? Cardiopulmonary Physical Therapy Journal. 2012;23(1):26-29.
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