Por volta da década de 70, acreditava-se que mobilizar pacientes que sofreram infarto do coração poderia ser prejudicial. No entanto, com os avanços nas terapias e ganho de conhecimento da evolução e prognóstico após evento isquêmico, o imobilismo foi progressivamente sendo abolido. Afim de utilizar terapias que auxiliassem no período de recuperação do miocárdio e diminuíssem efeitos deletérios da internação, equipes de cardiologia foram incumbidas de começar a reabilitar esses indivíduos o mais precocemente possível.
Além de efeitos bem conhecidos do treinamento físico como diminuição na taxa de eventos cardiovasculares, melhora da função autonômica e da qualidade de vida, alguns artigos têm reconhecido a importância do exercício no remodelamento do miocárdio após infarto.
Haykowsky e cols publicaram uma meta-análise avaliando esses estudos. De fato essa revisão constitui uma das principais evidências disponíveis para encorajar o treinamento aeróbico mais precocemente possível.
Foram analisados 12 ensaios clínicos randomizados que avaliaram remodelamento através de ecocardiograma com diferentes modalidades de treinamento aeróbico, alguns mistos com treino resistido e com abordagens baseadas no teste cardiopulmonar, porém com duração, frequência e início diferentes.
As variáveis obtidas pelo ECO que fornecem informações sobre o remodelamento são a fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), volume sistólico final (VSF) e volume diastólico final (VDF). Sabe-se que o exercício diminui a pós-carga do coração contribuindo para um remodelamento adequado, aumentando a FEVE e diminuindo VSF e VDF.
Entretanto, quando começar o treinamento aeróbico? Até quanto realizar?
Como resultado dessa meta-análise, o grau de influência do exercício no remodelamento depende de quando se inicia e se o exercício é mantido por tempo prolongado.
Os melhores resultados foram encontrados em programas que começaram em até 1 semana após alta hospitalar e duraram até pelo menos 6 meses, reafirmando que o treinamento faz parte de uma mudança do estilo de vida.
Baseado nesses benefícios, a revisão ainda concluiu que O ATRASO DE 1 SEMANA PARA INICIAR O TREINAMENTO AERÓBICO NESSES PACIENTES REQUER 1 MÊS ADICIONAL PARA CHEGAR NOS MESMOS BENEFÍCIOS!
Isso significa que apenas uma semana que se perde em iniciar o programa de exercício, o paciente necessitará de 1 mês a mais de treinamento para que a FEVE e VDF alterem no mesmo grau que aqueles indivíduos que começaram antes.
Por isso, cada vez mais a reabilitação intra-hospitalar tem sido encorajada. É importante reconhecer nosso papel enquanto profissionais que visam funcionalidade e condicionamento físico. Tendo importante embasamento na literatura para prática de exercícios em pacientes internados pós-infarto que não necessariamente apresentem algum grau de disfunção e dependência funcional.
Ser fisioterapeuta na cardiologia significa reabilitar e treinar para diminuição de risco e melhora da capacidade aeróbica, trabalhando de maneira a previnir novos eventos.
Nos conte sobre a rotina e aceitação da equipe do seu hospital para essa prática!
Até a próxima e Curtam a fanpage do blog Reflexões sobre Fisioterapia Hospitalar no Facebook.
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