16 de agosto de 2015

Por que devemos nos preocupar com o MRC no momento da alta?

Saudações colegas!!!

Avaliar a força muscular, através da MRC, é fundamental para o nosso Planejamento Terapêutico dentro da UTI. O escore MRC é critério diagnóstico para a Fraqueza Muscular Adquirida na UTI, e essa condição traz enormes prejuízos funcionais (Post - Síndrome Pós-Terapia Intensiva). Apesar de simples e rápida aplicação, ainda subestimamos o poder que essa avaliação possui.

Em estudo multicêntrico e binacional, realizado na Austrália e Nova Zelândia, avaliou 192 pacientes críticos com seguimento de 6 meses após a alta.

Os pacientes eram submetidos a Mobilização Precoce, com ênfase em Saída do Leito, sendo interrompida após 14 dias ou após a extubação. A maioria das terapias (n=94, 45%) foi realizada no leito e iniciada em média no 5º dia após a admissão e com frequência de 2 terapias diárias em média, sendo a primeira deambulação realizada após 9 dias. Sedestação na beira do leito (n=22, 11%), Ortostatismo (n=11, 5%) e Deambulação (n=24, 12%) foram menos frequentes.

O escore MRC foi avaliado no momento da alta e após 90 dias e 6 meses. A taxa de FMA-UTI foi de 52%, com MRC médio de 43, essa média traz uma resposta interessante, já que a taxa de FMA-UTI encontrada em estudos prévios, demonstrou uma prevalência de até 80%, essa taxa menor, pode estar relacionada a implementação do protocolo de Mobilização Precoce. Dos 192 pacientes avaliados, 141 estavam vivos em 90 dias e 120 após 6 meses e um escore menor de MRC foi associado a maior mortalidade em 90 dias. A taxa de retorno ao trabalho foi de apenas 38% após 6 meses.


O interessante deste trabalho foi que o Planejamento Terapêutico só foi cumprido em 16% dos casos, ou seja, das oportunidades de se realizar Mobilização Precoce, 84% delas não ocorreu devido a presença de pelo menos uma Barreira (Inadequada sedação, Catéter Femural, Agitação, Drogas Vasoativas, Instabilidade respiratória, Presença de Tubo Orotraqueal e Fraqueza). Como assim, fraqueza e presença de tubo é barreira para se realizar Mobilização???!!!.

Um ensaio clínico randomizado realizado no Reino Unido, se propôs a verificar se a reabilitação após a alta pode interferir na Função Física e Qualidade de Vida em pacientes com FMA-UTI. Foram incluídos 20 pacientes com tempo de VM maior que 48 horas e MRC abaixo de 48. A intervenção foi baseada em terapia ambulatorial por 16 semanas. O resultado foi uma melhora de 157m no TC6M e melhora no escore do SF-36.

Esses dados são muito importantes para nós, pois assim podemos encaminhar os pacientes de alta da UTI para continuação de acompanhamento de reabilitação baseado pelo escore MRC.

Até a próxima!!!


Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta do Hospital Sancta Maggiore - Prevent Senior
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP

LinkedIn: Caio Veloso da Costa





Referências:
1- The TEAM Study Investigators. Early mobilization and recovery in mechanically ventilated patients in the ICU: a bi-national, multi-centre, prospective cohort study. Critical Care. 2015;19:81.

2- B. Connolly et al.. Exercise-based rehabilitation after hospital discharge for survivors of critical illness with intensive care unit–acquired weakness: A pilot feasibility trial.  Journal of Critical Care 30 (2015) 58998.

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