Por Yuri Franco.
Olá colegas, estamos voltando com
mais um tema da fisioterapia ortopédica no ambiente hospitalar. Nos próximos
posts iremos discutir um pouco sobre a artroplastia de quadril, passando desde
as vias de acesso até os tipos de prótese e suas implicações na reabilitação no
ambiente intra-hospitalar.
Nesse post, vamos conversar um pouco sobre as vias
de acesso, pois é um dos pontos mais importantes para a reabilitação desse tipo
de paciente.
Primeiramente, o que chama muito a
atenção é a causa que leva a troca da articulação natural por uma prótese.
Dentre as diversas causas, a que mais chama atenção é a osteoartrose, o
desgaste da cartilagem da cabeça femoral. Porém, ainda existem as fraturas, as
infecções e até mesmo a troca de uma prótese pode outra devido ao tempo de uso.
As vias de acesso é algo que a
fisioterapia não pode intervir muito em sua escolha, pois trata-se de uma
escolha médica, seja ela pela experiência do cirurgião ou pelo quadro que o
paciente que o paciente vem apresentando. As classificações dessas vias são
embasadas nos planos anatômicos que são feitas. Atualmente, se fala muito em
cinco tipos, principais: anterior, antero-lateral, lateral com osteotomia
trocantérica, póstero-lateral e posterior.
A via anterior, também chamada de
via de Smith-Peterson, tem como vantagem o acesso mais fácil ao acetábulo,
favorecendo os casos de atroplastia total do quadril (substituição do
componente femoral e acetabular). Esse tipo de acesso, tem como característica
o alivio da dor no PO imediato, quando é feito uma leve flexão do quadril, pois
em alguns casos o reto femoral precisa ser desinserido para melhor o campo
visual. O cuidado primordial desse tipo de cirurgia é com a luxação anterior,
pois essa região devido a sua própria anatomia tem pouca cobertura óssea, sendo
sua estabilidade feita na maioria dos casos por tecidos moles. Sendo assim,
movimentos de extensão e abdução tem que ser cautelosos e a depender do caso
até evitados.
Outra via que é utilizada chamada de
via antero-lateral, também conhecida como via de Watson-Jones, tem vantagens
para casos de artroplastia total ou parcial, pois tem uma vista mais do colo
femoral e nos casos de fratura dessa região o acesso é mais fácil. Porém, tem
uma desvantagem, pois o aparelho abdutor é prejudicado, pois desinserção do
glúteo médio e do tensor da fáscia lata. Isso faz com que a fisioterapia em sua
abordagem tome cuidado aos movimentos de abdução e o cuidado da via anterior
continua, pois o componente estabilizador da porção anterior do quadril também
sofre alterações.
Uma via que é feita em larga escala,
pela sua grande exposição da região do quadril, é a via de Chanrley, onde
acontece a osteotomia do trocanter maior. Essa via é feita de artroplastia
primária ou nos casos de revisão, pois é necessário um campo maior de visão da
articulação. Como uma das vantagens dessa via, é a mudança do ponto de fixação
do trocanter, favorecendo o complexo abdutor do quadril. Porém, a osteotomia
pode evoluir com uma pseudoartrose e uma ossificação heterotrópica. O cuidado
com esse tipo de paciente é a carga que deve ser mínima até a consolidação
dessa osteotomia (cerca de 8 a 12 semanas).
As vias posteriores (póstero-lateral
ou posterior), Gibson e Kocher-Langenbeck, respectivamente, tem como principal
característica o rebatimento do glúteo máximo e glúteo médio, chegando aos
pequenos rotadores laterais que são seccionados. O cuidado com esses pacientes
trata-se no apoio a marcha, pois como existe essas ressecções dos pequenos
rotadores, a estabilidade pode ficar comprometida.
Esses cuidados devem estar
associados aos já conhecidos que são a flexão acima de 90 graus, adução e
rotação lateral, pois isso favorece ao aumento do espaço articular, e como a
cápsula está lesionada, o gradiente negativo intra-articular está prejudicado,
favorecendo a uma instabilidade, podendo gerar uma luxação da prótese.
Porém, a mobilização deve ser feita,
e nos casos que pode acontecer a descarga de peso, isso deve ser feito no
ambiente hospitalar dentro do prazo de até 72 horas, em média. Dentro do
ambiente o que muito se observa é que no primeiro dia é feito a avaliação da
feriada operatória juntamente com o quadro geral do paciente e suas limitações,
onde é programado o uso da crioterapia local e mobilização ativo-assistido na
articulação. Em um segundo dia a sedestação deve ser encorajada, afim de
iniciar o trabalho da musculatura do quadríceps de forma isométrica associado a
uso da eletroestimulação neuromuscular e no terceiro dia, a colocação do
paciente em bipedestação e treino de marcha, segundo suas indicações mantendo
os exercícios dos dias anteriores.
Lembrando que cada caso é único e a
avaliação é imprescindível para evoluir com esse paciente.
Espero
que gostem e fico a disposição.
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