5 de janeiro de 2015

Fisioterapia Traumato-Ortopédica Hospitalar - Vias de Acesso Cirúrgico do Quadril e a Reabilitação.

Por Yuri Franco.
            
Olá colegas, estamos voltando com mais um tema da fisioterapia ortopédica no ambiente hospitalar. Nos próximos posts iremos discutir um pouco sobre a artroplastia de quadril, passando desde as vias de acesso até os tipos de prótese e suas implicações na reabilitação no ambiente intra-hospitalar. 

Nesse post, vamos conversar um pouco sobre as vias de acesso, pois é um dos pontos mais importantes para a reabilitação desse tipo de paciente.

Primeiramente, o que chama muito a atenção é a causa que leva a troca da articulação natural por uma prótese. Dentre as diversas causas, a que mais chama atenção é a osteoartrose, o desgaste da cartilagem da cabeça femoral. Porém, ainda existem as fraturas, as infecções e até mesmo a troca de uma prótese pode outra devido ao tempo de uso.

As vias de acesso é algo que a fisioterapia não pode intervir muito em sua escolha, pois trata-se de uma escolha médica, seja ela pela experiência do cirurgião ou pelo quadro que o paciente que o paciente vem apresentando. As classificações dessas vias são embasadas nos planos anatômicos que são feitas. Atualmente, se fala muito em cinco tipos, principais: anterior, antero-lateral, lateral com osteotomia trocantérica, póstero-lateral e posterior.

A via anterior, também chamada de via de Smith-Peterson, tem como vantagem o acesso mais fácil ao acetábulo, favorecendo os casos de atroplastia total do quadril (substituição do componente femoral e acetabular). Esse tipo de acesso, tem como característica o alivio da dor no PO imediato, quando é feito uma leve flexão do quadril, pois em alguns casos o reto femoral precisa ser desinserido para melhor o campo visual. O cuidado primordial desse tipo de cirurgia é com a luxação anterior, pois essa região devido a sua própria anatomia tem pouca cobertura óssea, sendo sua estabilidade feita na maioria dos casos por tecidos moles. Sendo assim, movimentos de extensão e abdução tem que ser cautelosos e a depender do caso até evitados.

Outra via que é utilizada chamada de via antero-lateral, também conhecida como via de Watson-Jones, tem vantagens para casos de artroplastia total ou parcial, pois tem uma vista mais do colo femoral e nos casos de fratura dessa região o acesso é mais fácil. Porém, tem uma desvantagem, pois o aparelho abdutor é prejudicado, pois desinserção do glúteo médio e do tensor da fáscia lata. Isso faz com que a fisioterapia em sua abordagem tome cuidado aos movimentos de abdução e o cuidado da via anterior continua, pois o componente estabilizador da porção anterior do quadril também sofre alterações.

Uma via que é feita em larga escala, pela sua grande exposição da região do quadril, é a via de Chanrley, onde acontece a osteotomia do trocanter maior. Essa via é feita de artroplastia primária ou nos casos de revisão, pois é necessário um campo maior de visão da articulação. Como uma das vantagens dessa via, é a mudança do ponto de fixação do trocanter, favorecendo o complexo abdutor do quadril. Porém, a osteotomia pode evoluir com uma pseudoartrose e uma ossificação heterotrópica. O cuidado com esse tipo de paciente é a carga que deve ser mínima até a consolidação dessa osteotomia (cerca de 8 a 12 semanas).

As vias posteriores (póstero-lateral ou posterior), Gibson e Kocher-Langenbeck, respectivamente, tem como principal característica o rebatimento do glúteo máximo e glúteo médio, chegando aos pequenos rotadores laterais que são seccionados. O cuidado com esses pacientes trata-se no apoio a marcha, pois como existe essas ressecções dos pequenos rotadores, a estabilidade pode ficar comprometida.

Esses cuidados devem estar associados aos já conhecidos que são a flexão acima de 90 graus, adução e rotação lateral, pois isso favorece ao aumento do espaço articular, e como a cápsula está lesionada, o gradiente negativo intra-articular está prejudicado, favorecendo a uma instabilidade, podendo gerar uma luxação da prótese.

Porém, a mobilização deve ser feita, e nos casos que pode acontecer a descarga de peso, isso deve ser feito no ambiente hospitalar dentro do prazo de até 72 horas, em média. Dentro do ambiente o que muito se observa é que no primeiro dia é feito a avaliação da feriada operatória juntamente com o quadro geral do paciente e suas limitações, onde é programado o uso da crioterapia local e mobilização ativo-assistido na articulação. Em um segundo dia a sedestação deve ser encorajada, afim de iniciar o trabalho da musculatura do quadríceps de forma isométrica associado a uso da eletroestimulação neuromuscular e no terceiro dia, a colocação do paciente em bipedestação e treino de marcha, segundo suas indicações mantendo os exercícios dos dias anteriores.
Lembrando que cada caso é único e a avaliação é imprescindível para evoluir com esse paciente.


Espero que gostem e fico a disposição.

Até a próxima e não se esqueçam de Curtir e Compartilhar a fanpage do blog Reflexões sobre Fisioterapia Hospitalar no Facebook.

Nenhum comentário:

Postar um comentário