Olá colegas, hoje vamos comentar um pouco sobre Eletroestimulação Neuromuscular (EENM) em Pacientes Críticos.
Em congressos e aulas sobre Mobilização Precoce, a EEMN aparece sempre como um mecanismo adjuvante na melhora funcional para os pacientes críticos. Mas será que todas as perguntas sobre o assunto já foram respondidas, para que possamos de fato, realizá-la na nossa rotina?
A EENM consiste na ação de estímulos elétricos aplicados sobre o músculo, através do sistema nervoso periférico íntegro, com objetivo de restaurar funções motoras e sensoriais. A contração induzida por este artefato ocorre de modo diferente da contração muscular fisiologicamente induzida. Durante a EENM, o recrutamento ocorre de forma inversa à fisiologia: as fibras rápidas são as primeiras a serem recrutadas, sendo que esse fenômeno ocorre porque o estímulo elétrico é aplicado externamente à terminação nervosa e pelo fato de as células maiores, com resistência de input axonal baixa, serem mais excitáveis.
Tabela 1. |
Foram encontrados 4 ensaios, bem heterogêneos e com objetivos e desfechos diferentes. Uma síntese dos resultados se encontra na tabela 1.
Mas vou me ater ao comentário de dois estudos, já que de um modo geral, a EENM foi benéfica.
No estudo realizado por Gruther et al. estudou 33 pacientes em dois grupos: G1: EENM precoce (< 7 dias de internação) e G2: EENM após 14 dias. Ambos os grupos possuíam Controles por Placebo. A estimulação foi realizada com ondas bifásicas com Frequência de 50 Hz, Largura de pulso de 0,35 ms e Tempo On/Off de 8s/24s no Quadríceps com intensidade a Contração visível. Na primeira semana, foi realizado 30 minutos por dia, aumentando para 60 minutos na segunda semana. O desfecho principal foi o Diâmetro muscular. O resultado foi que a EENM só foi benéfica, quando iniciada de forma tardia, apesar de a EENM reduzir a perda muscular.
No estudo de Poulsen et al, foram estudados 8 indivíduos com Choque Séptico, ou seja, estavam em uso de Drogas Vasoativas. A EENM utilizou ondas bifásicas com Frequência de 35 Hz, Largura de pulso de 0,3 ms, Tempo On/Off de 4s/6s e Tempo de subida/descida de 0,5s. Foi realizada durante 7 dias consecutivos por 60 minutos, com a Coxa esquerda como Controle e o protocolo interrompido quando eram iniciados os exercícios resistidos e de descarga de peso. Os autores tiveram o cuidado de monitorar o estado nutricional e a ingesta calórica. Como resultado, foi verificado que não houve diferença entre o lado estimulado e não estimulado, sendo que no lado estimulado, a perda de massa muscular foi maior, porém sem diferença significante (20% vs 16%).
Apesar de os desfechos, características de pacientes, e até protocolos bem diversificados, o que podemos tirar da evidências disponíveis até o momento, é que parece, eu disse parece, que os benefícios dessa terapia estão atreladas a um quadro clínico mais estável (sem hipermetabolismo). Isso não significa que não podemos usar, mas que ainda devemos ter cuidado ao usar a EENM.
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Até a próxima.
Referências:
1. Ferreira LL, Vanderlei LCM, Valenti VE. Estimulação elétrica neuromuscular em pacientes graves em unidade de terapia intensiva: revisão sistemática. einstein. 2014;12(3):361-5.
2. Gruther W, Kainberger F, Fialka-Moser V, Paternostro-Sluga T, Quittan M, Spiss C, et al. Effects of neuromuscular electrical stimulation on muscle Layer thickness of knee extensor muscles in intensive care unit patients: a pilot study. J Rehabil Med. 2010;42(6):593-7.
3. Poulsen JB, Møller K, Jensen CV, Weisdorf S, Kehlet H, Perner A. Effect of transcutaneous electrical muscle stimulation on muscle volume in patients with septic shock. Crit Care Med. 2011;39(3):456-61.
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