Em outros posts, mostramos maneiras de se utilizar ferramentas de diagnóstico funcional para implementar uma terapia direcionada em pacientes críticos.
Dentre as ferramentas disponíveis estão a ICU Mobilty Scale (post Como prescrever minha terapia - ICU Mobilty Scale) e a Physical Function ICU Test (post Como prescrever a minha terapia? Physical Function ICU Test.). Essas ferramentas são utilizadas para pacientes sem perfil específico. Já a Surgical ICU optimal mobilisation score (SOMS) é uma ferramenta de avaliação de pacientes críticos cirúrgicos e lava em consideração o nível de mobilidade tolerado por esses pacientes.
A SOMS possui a seguinte classificação:
Nível 0 - Paciente que não realiza nenhuma atividade; para ser classificado nesse nível, o paciente deve ter instabilidade vertebral, Pressão Intracraniana > 20 mmHg e ter previsão de Morte nas próximas 24h.
Nível 1 - Mobilização Passiva; se o paciente apresenta movimento voluntário, responde a pelo menos um comando verbal ou não apresenta drenos espinhais, DVE ou presença de cateter femural para diálise contínua, é passado para o próximo Nível.
Nível 2 - Sentado; se o paciente está nesse nível e apresenta Grau de Força Muscular de 3-5 nos MMII, possui Controle de Tronco e nenhuma restrição para descarga de peso, é classificado no Nível 3.
Nível 3 - Em pé; se o paciente consegue ficar em ortostatismo com assistência bilateral, é passado para o Nível 4 - Deambulação.
A SOMS é classificatória e através dela, é elaborado um planejamento através de uma Diretriz, baseada em Reabilitação Cardiovascular, Pulmonar e Neuromuscular, ou seja, não é uma receita de bolo, pois leva em conta a classificação funcional. Mas utilizar essa ferramenta tão simples e rápida altera algum desfecho na prática?
O estudo Early, goal-directed mobilisation in the surgical intensive care unit: a randomised controlled trial foi um ensaio clínico randomizado realizado na Alemanha, Austria e EUA em 4 UTI's diferentes. Foram estudados 200 pacientes onde foi realizada a SOMS no momento da admissão na UTI com consequente elaboração do planejamento terapêutico.
Os critérios de inclusão foram Idade acima de 18 anos, estar em VM por menos de 48h e espectativa de ficar na VM por pelo menos 24h.
O resultado foi que a implementação da SOMS reduziu o tempo de UTI em 3 dias (7 vs 10 dias p=0·0054), bem como a Classificação Funcional, medida pela MIF, foi maior (8 vs 5 p=0·0002), promovendo uma Independência Funcional em 51% dos pacientes do Grupo SOMS, no Grupo Controle, foi de 28%.
Os resultados também demonstraram que o Grupo SOMS teve mais eventos adversos (25 casos vs 10 casos), como dessaturação, taquicardia sinusal ou hipertensão transitória, mas nenhum deles foi um Evento Sentinela.
Na minha prática clínica venho utilizando essa ferramenta, que é de grande auxílio no momento de admissão após a cirurgia, pois ele serve como objetivo diário.
Até a próxima!!!
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa
Referências:
1- Meyer MJ, Stanislaus AB, Lee J, et al. Surgical Intensive Care Unit Optimal Mobilisation Score (SOMS) trial: a protocol for an international, multicentre, randomised controlled trial focused on goal-directed early mobilisation of surgical ICU patients. BMJ Open. 2013;3(8):e003262. doi:10.1136/bmjopen-2013-003262.
2- Schaller SJ, Anstey M, Blobner M, Edrich T, Grabitz SD, Gradwohl-Matis I et al; International Early SOMS-guided Mobilization Research Initiative. Early, goal-directed mobilisation in the surgical intensive care unit: a randomised controlled trial. Lancet 2016; 388: 1377–88.
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