Na minha realidade, me deparo com uma grande quantidade de pacientes com exacerbações de DPOC no Pronto Atendimento e muitos deles com retorno ao PA em períodos curtos de tempo. Terapias como Oxigenoterapia domiciliar (quando bem indicada e orientada), Adequado manejo farmacológico, Reabilitação Pulmonar e Educação são efetivas para reduzir rehospitalizações e aumentar Qualidade de Vida, Capacidade Funcional etc.
Fazendo uma breve busca, na tentativa de encontrar algo a mais de benéfico para esses pacientes, encontrei o uso de Ventilação Não Invasiva noturna como estratégia para melhorar esses desfechos.
O ensio clínico randomizado Two-year home-based nocturnal noninvasive ventilation added to rehabilitation in chronic obstructive pulmonary disease patients: A randomized controlled trial comparou o uso de VNI noturna associada a Reabilitação domiciliar vs Reabilitação domiciliar somente por um período de dois anos. Os desfechos avaliados foram Qualidade de Vida (Maugeri Respiratory Failure questionnaire), Dispnéia (Medical Research Council), Troca gasoso (PaO2 e PaCO2), Capacidade Funcional (Distância caminhada em 6'), Função Pulmonar (VEF1) e Taxa de Exacerbações.
Foram estudados 66 pacientes com DPOC estágio 3 e 4 (GOLD), que inicialmente receberam 12 semanas de Reabilitação Pulmonar. Após a Reabilitação, foram randomizados para 2 grupos. O Grupo 1 foi submetido a uma visita semanal de um Fisioterapeuta Respiratório (30' de programação terapêutica: Cicloergometria - 140% da potência inicial + Deambulação + Treinamento Muscular Inspiratório - iniciando com 30% da PImáx até se atingir 70%). O Grupo 2 além da visita do Fisioterapeuta, recebeu VNI noturna com parâmetros ajustados para manter PaO2 maior que 80 mmHg e PaCO2 menor que 60 mmHg. Os pacientes foram acompanhados por 2 anos. Foi encontrado uma melhora nos desfechos à exceção da Taxa de Exacerbação, que foi de 3/ano em ambos os grupos.
Já o estudo coorte retrospectivo Retrospective Assessment of Home Ventilation to Reduce Rehospitalization in Chronic Obstructive Pulmonary Disease, estudou 397 pacientes que haviam sido internados, por exacerbação da DPOC, pelo menos 2 vezes no ano anterior a seleção para o estudo. Foi instituído um programa que envolvia Prescrição adequada de oxigenoterapia, Ajuste e acompanhamento medicamentoso, Acompanhamento com Fisioterapia Respiratória (focada em educação e aderência à terapia proposta) e VNI noturna (modo AVAPS ajustado para manter um volume corrente de 5-8 mL/Kg de peso corporal predito e EPAP mínimo de 5 cmH2O e máximo de 26 cmH2O) e nos cochilos diurnos. Os resultados foram bem interessantes, já que a Taxa de exacerbação caiu de 397 (corte inicial, ou seja 397/397) para 9 (9/397), um decréscimo de 97,8%.
Esses estudos podem servir para a criação de contra-referência específica para esse perfil de paciente, além de mostrar a importância dos nossos colegas Fisioterapeutas que trabalham com Sono.
Até a próxima.
Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta do Hospital Sancta Maggiore - Prevent Senior
Fisioterapeuta do Hospital Sancta Maggiore - Prevent Senior
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa
Referências:
1- Duiverman ML, Wempe JB, Bladder G, et al. Two-year home-based nocturnal noninvasive ventilation added to rehabilitation in chronic obstructive pulmonary disease patients: A randomized controlled trial. Respiratory Research. 2011;12(1):112. doi:10.1186/1465-9921-12-112.
2- Coughlin S, Liang WE, Parthasarathy S. Retrospective Assessment of Home Ventilation to Reduce Rehospitalization in Chronic Obstructive Pulmonary Disease. Journal of Clinical Sleep Medicine : JCSM : Official Publication of the American Academy of Sleep Medicine. 2015;11(6):663-670. doi:10.5664/jcsm.4780.
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