Desde a criação deste blog, já tinha idéia de escrever sobre este assunto, mas não me sentia preparado para fazer um texto com uma abordagem mais complexa e com menor contexto emocional.
Nesses quase 5 anos de história profissional sempre me ofendi com um termo que é muito difundido: A alcunha de FISIO. Para mim, sempre representou uma despersonalização desproporcional e de certa forma uma tentativa de demonstração de poder. Tão descaracterizador, enquanto pessoa, que é um adjetivo sem gênero.
O que leva uma pessoa que trabalha com você por vários anos, te chama pelo nome quando se refere a você com outras pessoas, te chama pelo nome fora do hospital, mas lá dentro te chama de FISIO?
Após várias dicas com os colegas da Psicologia da Residência Multiprofissional da UNIFESP, uma delas foi unânime: Cara, você tem que ler Microfísica do Poder de Michel Foucault. Depois de ler e adquirir mais bagagem na carreira, me senti na obrigação de "viajar" e escrever sobre isso.
Em primeira análise, podemos nos basear que todas as interações dos profissionais da equipe são relações de poder, mesmo que haja uma tentativa de horizontalidade nas composições (em tese) das equipes. O que percebemos é uma exigência, mesmo que implícita, da presença de uma hierarquia e como ela não é definida, se expressa desta forma, a tentativa de subjugação por outras categorias sob forma de tratamento.
Não podemos deixar de levar em consideração que nós, Fisioterapeutas, somos a categoria profissional que chegou por último na equipe e que ainda lutamos para adquirir certos limites, coisa que até entre nós, ainda é uma grande problemática. Talvez a busca pela aceitação dentro da equipe, fez com que passássemos a realizar atividades das outras categorias e hoje isso se constitui em um importante fator confundidor na criação de uma identidade sólida da Fisioterapia em Terapia Intensiva. Claro que há exceções.
A segunda análise, é que temos que ter em mente que talvez a adjetivação possa representar uma busca pelo que representamos dentro da UTI. Se te chamam pela sua profissão, esperam que faça o que um Fisioterapeuta faria, assim como chamamos um Garçom em um restaurante. Acredito que essa análise tenha uma dimensão muito menor no contexto, já que existem outras categorias profissionais dentro da UTI que raramente se referem a nós como FISIO.
Essa não é uma generalização, apenas a observação do meu microcosmo.
O que acham?
Até a próxima!!!
Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta da UTI Geral do Hospital Geral do Estado Professor Osvaldo Brandão Vilela - AL
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta da UTI Geral do Hospital Geral do Estado Professor Osvaldo Brandão Vilela - AL
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa
Referência:
1- Foucault Michel. Microfísica do poder. 24ª ed. Organização, introdução e revisão técnica de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal. 1979.
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