9 de junho de 2015

Dispneia em pacientes com Ventilação Mecânica

O conceito de dispneia é muito conhecido de nós Fisioterapeutas, bem como seu manejo uma de nossas funções, muitas vezes até a mais requerida.
É de se imaginar que os pacientes em VM não apresentem esta sintomatologia, mas cerca de 35% dos pacientes apresentam, sendo 69% destes, em uso do algum Modo Assistido/Controlado.
Basicamente existem dois tipos de sensação: Fome de Ar e Aumento do Trabalho Ventilatório.
A Fome de Ar é caracterizada como uma sensação de sufocamento, e está relacionado a vários disparos aferentes do Centro respiratório como Hipoxemia, Hipertermia e Mobilização.
Já o Aumento do Trabalho Ventilatório ocorre quando há um desbalanço entre carga imposta ao músculo e capacidade deste em responder a carga. A Hiperinsuflação dinâmica/Aumento da PEEP intrínseca são as principais causas. Exercício com aumento da frequência respiratória e inadequados ajustes de parâmetros ventilatórios, inclusive durante o exercício figuram como fatores que induzem a dispneia.
Mas como podemos manejar?
Existem pelo menos duas formas sistematizadas de avaliar a presença da dispneia, que são a Escala de Borg Modificada (para pacientes em VM) e a  Respiratory Distress Observation Scale, esta última baseada em parâmetros fisiológicos como FC, Uso de musculatura respiratória, ou facies de dor. A American Thoracic Society recomenda avaliação a cada 4 horas e que a causa seja investigada e manejada.
Além disso, podemos fazer uso de Ventilação Proporcional Assistida (se disponível) ou aumentando o nível de Pressão de Suporte durante a Mobilização (http://fisioterapiahospital.blogspot.com.br/2014/11/se-for-mobilizar-seu-paciente-aumente.html), bem como, deve haver o uso de analgesia precedente a procedimentos como a Aspiração e a Mobilização.
Temos de nos lembrar que a dispneia é uma entidade multifatorial, que pode ser causada também por dor, ansiedade, medo, e assim sendo, nosso dever em identificá-la e alertar a equipe.

Até a próxima!

Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta da UTI Geral do Hospital Geral do Estado Professor Osvaldo Brandão Vilela - AL
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP

LinkedIn: Caio Veloso da Costa



Referências
1- Schmidt et al. Unrecognized suffering in the ICU: Addressing dyspnea in mechanically ventilated patients. Intensive Care Med. 2014.  40(1): 1–10.

2- Campbell ML, Templin T, Walch J. A Respiratory Distress Observation Scale for patients unable
to self-report dyspnea. J Palliat Med. 2010; 13:285–290.


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