Nos últimos anos, temos discutido muito sobre como estão o Quadro Funcional, Laboral e de Qualidade de Vida das pessoas que sobrevivem à Unidade de Terapia Intensiva.
No post O ABCDE da Fisioterapia em UTI comentamos sobre o bundle ABCDE, que tem como objetivo reduzir a Taxa de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica, o Tempo de VM, Tempo de Internação e Mortalidade na UTI.
Essa sistemática de atuação é baseada nas ações:
A- Acordar o paciente: Avaliar diariamente o nível de Sedação, para que com isso possamos progredir de forma adequada no Desmame e Reabilitação Precoce. Podemos utilizar a escala RASS (Richmond Agitation Sedation Scale) em conjunto com a equipe multiprofissional, para sempre manter a dose necessária para deixar o paciente com valores de 0 a -2.
B- Breath - Protocolos de Desmame da VM: A utilização de protocolos de Desmame é capaz de reduzir o tempo necessário para a realização do 1º TRE, bem como seu sucesso, reduz o tempo total de VM e aumenta o sucesso da extubação. Existem indicadores de qualidade deste desfecho (Taxa de Sucesso do TRE, Taxa de Sucesso da Extubação, Taxa de Reintubação, Tempo médio de VM, Dias livres fora da VM e Taxa de pacientes em VM prolongada - >21 dias de VM).
C- Coordenação entre as ações de A e B: Pacientes com adequado nível de sedação são mais expostos a Reabilitação Precoce e TRE.
D-Delirium - Monitorização e Manejo do delirium: O delirium é uma disfunção cerebral aguda bastante comum em UTI e que pode interferir diretamente nos desfechos. No caso da nossa equipe, essa disfunção pode minimizar a progressão da Reabilitação, já que o paciente provavelmente não irá colaborar com a terapia proposta. Podemos, durante nossa avaliação, utilizar além da RASS, a CAM-ICU (Confusion Assesment Method - Intensive Care Unit), que avalia a presença de delirium. Sempre que for avaliar o paciente, tente situar o mesmo no tempo e no espaço, essa simples atitude é muito efetiva na redução da Inquietação/Agitação e do delirium.
E- Exercício/Mobilização Precoce: Já falamos em outros posts como a Mobilização é eficaz em reduzir o tempo de VM e Mortalidade, além de, também ter efeito positivo sobre o delirium (Post: A Mobilização que você faz, Faz a diferença!). Não esquecendo também, as terapias adjuvantes à Mobilização, como Eletroestimulação, Prancha ortostática e Cicloergômetro.
O ABCDE, está ligado a maior sobrevivência. Com base nesse crescente interesse, é sugerido o acréscimo do F e do G a esse importante bundle.
F- Feeding and early adequate protein/ Adequada ingesta de proteínas: O adequado manejo nutricional de pacientes críticos possui um elo muito estreito com a nossa atuação, já que, para haver ganho de força e potência com o mínimo de perda de massa muscular, e consequente progressão do exercício a ser prescrito, necessitamos de uma atuação em conjunto com a Equipe da Nutrição. Vale lembrar que, uma pessoa que sobrevive à UTI perde em média 18% do seu peso corporal de massa magra.
G- Ganho de Massa Muscular e Funcionalidade: É uma extensão do item anterior, mas com objetivos diferentes, já que nesse caso, o objetivo é o ganho de massa, com acréscimo de treino funcional, para reduzir o tempo de retorno às atividades de vida diária e laborais.
Isso mostra a importância do nosso real papel e como o trabalho com a equipe multiprofissional é essencial para um adequado planejamento terapêutico.
Agradecimento pelo artigo disponibilizado: Professor Ângelo Roncalli.
Até a próxima!!!
Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta da UTI Geral do Hospital Geral do Estado Professor Osvaldo Brandão Vilela - AL
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta da UTI Geral do Hospital Geral do Estado Professor Osvaldo Brandão Vilela - AL
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa
Referências
1- Luque A. Atuação do Fisioterapeuta no ABCDE - o bundle da terapia intensiva: Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva; Martins JA, Andrade FMD, Dias CM, organizadores. PROFISIO Programa de Atualização em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto: Ciclo 5. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2014. p.9-37. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 2).
2- Wischmeyer PE, San-Millan I. Winning the war against ICU-acquired weakness: new innovations in nutrition and exercise physiology. Critical Care. 2015;19(Suppl 3):S6. Texto completo aqui.