19 de dezembro de 2015

Gambiarra do Cufômetro: Podemos confiar?

Saudações colegas.

As famosas adaptações técnicas, mais conhecidas como gambiarras, são uma grande realidade em muitos hospitais. Existem Fisioterapeutas que fariam o MacGyver parecer um amador.

Dentre essas adaptações, está o "Cufômetro" artesanal, feito com um manômetro retirado de um esfigmomanômetro aneróide. Mas a medida derivada de um artefato como esse pode ser confiável?
O estudo brasileiro Manômetros artesanais não medem com precisão a pressão de balão dos tubos endotraqueais, publicado recentemente na Revista Brasileira de Terapia Intensiva, testou essas adaptações e comparou com um Manômetro comercial.

Foram estudados 79 pacientes do Hospital das Clínicas Samuel Libânio, em Pouso Alegre-MG. Os critérios de inclusão foram idade acima de 18 anos, intubados por via orotraqueal ou com um tubo de traqueostomia há no mínimo 24 horas. Foram excluídos os pacientes com intubação por mais de 24 horas antes da hospitalização atual; cirurgia de cabeça ou pescoço; história prévia de estenose traqueal ou traqueomalácia; alto risco de aspiração pulmonar; febre (> 38ºC) ou pressão expiratória final superior a 12cmH2O.

Para as mensurações de pressão do balão, os sujeitos foram colocados em posição supina com cabeça elevada a 30º. As mensurações da pressão de balão foram obtidas por paciente com os três dispositivos de forma sucessiva em ordem randomizada (uma mensuração por aparelho), sempre realizadas pelo mesmo avaliador. 

O resultado foi que os Dispositivos Artesanais foram inconsistentes na mensuração da pressão do cuff quando comparados ao Manômetro comercial. Apesar de ter sido encontrado um bom índice de correlação intraclasse.

Os autores não recomendam o uso rotineiro desse dispositivo artesanal para avaliação da pressão do cuff. Lembrando que pela RDC - 07 da Anvisa, é obrigatório a presença de pelo menos Um Cufômetro para cada 10 leitos. 

Até a próxima!!!


Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta do Hospital Sancta Maggiore - Prevent Senior
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa





Referência:
1- Annoni R, de Almeida AE. Handcrafted cuff manometers do not accurately measure endotracheal tube cuff pressure. Revista Brasileira de Terapia Intensiva. 2015;27(3):228-234.

8 de dezembro de 2015

Simulador do Ventilador de Transporte Oxylog 3000 - Dragër.


Olá colegas, segue o link do Simulador de VM de Transporte da Dragër, Oxylog 3000.


LINK: Simulador ventilador de transporte Oxylog 3000 - Dragër


Instruções:

1- Ao baixar o arquivo, clique primeiro no Botão Baixar (com uma figura de uma Nuvem com uma seta apontada para baixo). Ao clicar, abrirá outra página, nela clique em Baixar Grátis (vai esperar alguns segundos, mas vai iniciar sozinho);

2- O arquivo está no compactado no formato .rar, então precisa de um Programa como Winrar ou semelhante;

3- Estão disponibilizadas pastas compactadas em Francês (FR), Inglês (EN), Espanhol (ES) e Alemão (DE);

4- Extraia os arquivos no idioma de sua preferência;

5- Dentro da pasta, existe um arquivo no formato de Página na Web chamada START;

6- Clique nele e abrirá uma página no seu navegador com o Simulador;

7- Na página, vá no menu Manual Simulation (caso escolha inglês) e em seguida Simulation;

8- Clique no botão universal de Power, o VM iniciará;

9- Divirta-se.

Declaro não haver qualquer conflito de interesse na publicação deste equipamento.


27 de novembro de 2015

Velocidade da caminhada: O Sexto Sinal Vital

Saudações caros colegas!!!

A Fisioterapia Hospitalar vem crescendo muito nos últimos anos, muito disso se deve ao fato de termos mais respostas sobre o nosso trabalho dentro do hospital. Muitas ferramentas funcionais (Post - Avaliação de Mobilidade/Funcionalidade em Pacientes Críticos) estão disponíveis para que possamos traçar de forma mais exata um Planejamento Terapêutico, bem como critérios funcionais de alta hospitalar e indicadores de qualidade e segurança de atendimento fisioterapêutico.

Dentre essas ferramentas, a Velocidade de Caminhada, obtida através do Teste de Caminhada de 10 metros, parece ser uma ferramenta muito útil para critério de alta e encaminhamento para continuidade de atendimento fisioterapêutico em serviços de menor complexidade.

Já discutimos que o MRC é um bom marcador para esse tipo de encaminhamento (Post - Por que devemos nos preocupar com o MRC no momento da alta?).  

O Teste de Caminhada de 10 metros é um teste muito simples que consiste em utilizar um corredor de 20 metros, onde os primeiros 5 metros são denominados como Zona de Aceleração e os últimos 5 metros são a Zona de Desaceleração. Após os primeiros 5 metros, o avaliador inicia o cronômetro, que vai medir o tempo que o paciente levará para percorrer 10 metros. Depois é calculada a Velocidade de Caminhada.

Velocidade de Caminhada abaixo de 0,6 m/s foi associada a Menor Funcionalidade (para AVD's e AIVD), Maior risco de reinternação hospitalar, Maior necessidade de utilização de serviços de reabilitação e de dispositivos auxiliares de marcha, tanto domiciliar quanto comunitária.

Já uma Velocidade de Caminhada acima de 1 m/s está associada a Independência Funcional, Menor risco de queda e Deambulação sem auxílio.

Então além da MRC, a Velocidade de Caminhada é um ótimo marcador de Qualidade e um critério de encaminhamento para continuidade de atendimento Fisioterapêutico.

Particularmente, utilizo na minha prática clínica a meta de velocidade, sempre que possível, acima de 3,6 Km/h (1 m/s), aumentando de acordo com o BORG (3-5).

Até a próxima!!!


Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta da UTI Geral do Hospital Geral do Estado Prof. Osvaldo Brandão Vilela - AL
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa




Referência

1- Fritz S, Lusardi M. White Paper: “Walking Speed: the Sixth Vital Sign”. Journal of Geriatric Physical Therapy. 2009; 32(2):1-5.

15 de novembro de 2015

The Early Mobility Bundle - Vamos seguir o exemplo?

Olá colegas!!! 

Já discutimos em algumas postagens os efeitos benéficos da Mobilização Precoce em pacientes na UTI em vários desfechos. Ao realizar uma adequada avaliação e criação de um Plano Terapêutico, podemos realizar uma progressão mais direcionada. Em alguns locais, quando o paciente está de alta da UTI, esse Planejamento é refeito e em alguns casos, se perde um pouco da continuidade.

Em um hospital de Birmingham, foi criado o The Early Mobility Bundle, com intuito de se realizar o Planejamento Terapêutico pelas equipes da UTI e da Enfermaria/Ala de forma conjunta, objetivando a continuidade desse plano. 

O estudo teve duração de 6 meses, com avaliação de 1179 pacientes (678 pacientes expostos ao Bundle e 501 que foram utilizados como Grupo Controle). Os pacientes utilizados como GC, eram pacientes de outro hospital com características semelhantes. Os desfechos foram Pneumonia Hospitalar, Tempo de internação hospitalar, Taxa de quedas, Tempo de atividade diária e Número de Passos/dia.

O Bundle de Mobilização foi composto de prescrição de Deambulação, Necessidade de utilização de Dispositivos auxiliares para Marcha, Cinesioterapia individualizada e Terapia Ocupacional. Ele tinha início na UTI e era dado o seguimento nas Enfermarias/Alas até o momento da alta.

O resultado da implementação foi que a incidência de Pneumonia foi 50% menor no grupo submetido ao Bundle [25 (3,6%) vs 50 (10%) casos p<0.0001], além de o Tempo de Atividade Diária ter sido maior (83 vs 40 minutos/dia p=0.044), bem como o Número de Passos/dia ter sido maior também (1103 vs 388 passos/dia p=0.032).

Como resultados não esperados, a Taxa de Quedas foi maior no Grupo exposto ao Bundle (29% vs 18% p=0.001) e o Tempo de Internação Hospitalar foi semelhante (9 vs 8 dias p=0.356).

Esses resultados mostram o quanto pode ser benéfico, integrar os Fisioterapeutas dos diferentes setores do hospital na concepção de um Planejamento Terapêutico Singular.

Até a próxima!!!


Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta da UTI Geral do Hospital Geral do Estado Prof. Osvaldo Brandão Vilela - AL
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP
LinkedIn: Caio Veloso da Costa




Referência:

1- Stolbrink MMcGowan LSaman HNguyen TKnightly RSharpe J et al. The Early Mobility Bundle: a simple enhancement of therapy which may reduce incidence of hospital-acquiredpneumonia and length of hospital stayJ Hosp Infect. 2014 Sep;88(1):34-9.

6 de novembro de 2015

Simulador de Ventilação Mecânica - EVITA XL, EVITA 4 e EVITA DURA 2 - Dragër

Olá colegas, segue o link do Simulador de VM da Dragër para os modelos EVITA XL, EVITA 4 e EVITA DURA 2.







LINK: Simulador Ventilador Mecânico Evita XL, 4 e Dura 2 - Dragër




Instruções:

1- Ao baixar o arquivo, clique primeiro no Botão Baixar (com uma figura de uma Nuvem com uma seta apontada para baixo). Ao clicar, abrirá outra página, nela clique em Baixar Grátis (vai esperar alguns segundos, mas vai iniciar sozinho);

2- O arquivo está no compactado no formato .rar, então precisa de um Programa como Winrar ou semelhante;

3- Extraia o arquivo, que é composto por algumas pastas;















4- O simulador irá abrir clicando em start_evita_trainer;



5- Escolha entre os 3 modelos.

















6- No modelo escolhido, clique em Simulation e depois em Start Simulation;




















7- Aproveite o aprendizado.




Até a próxima.

4 de novembro de 2015

Quem sai mais rápido do Leito e do Ventilador Mecânico, Homens ou Mulheres?

Saudações meus caros colegas de Mobilização!!!

Será que o gênero possui alguma influência em desfechos de nosso interesse em pacientes críticos? 
Um estudo brasileiro, realizado no Hospital Ministro Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu tentou verificar se realmente há alguma influência do gênero em desfechos como Saída do Leito e Saída da VM.

Foram estudados 105 indivíduos (53 do gênero feminino e 52 do masculino) quanto a Tempo para Saída do Leito, Tempo para Retirada de Sedação, Tempo de VM, Capacidade para realizar exercícios fora do leito, Tempo de UTI e de internação hospitalar e Escore APACHE II.

O resultado foi que o Gênero Feminino ficou 1,9 dias a menos na Ventilação Mecânica (6,7 vs 4,8 dias), 1,6 dias a menos de Sedação (3,6 vs 2,0 dias) e saiu 2,6 dias mais cedo do Leito (5,7 vs 3,1 dias). 

Muito interessante esse resultado...

Mas dando uma olhada na Boa e Velha Tabela 1 (há se eu pudesse chamar a Tabela 1 para tomar um café...), aquela que entrega alguns viéses importantes e que muita gente deixa de olhar, podemos ver que o Gênero Feminino foi mais Estável Clinicamente, com APACHE II médio de 12,3,  contra 23,1 das pessoas do Gênero Masculino, além disso a causa de VM nas mulheres, na sua maioria foi de Pós-Cirúrgico (47% vs 39%), esses dois fatos, por si, já garantiriam um Tempo de VM e para Saída do Leito menores, apesar de a Mortalidade ter sido equivalente nos dois grupos.


Podem haver diferença entre gêneros em outros aspectos, mas não podemos afirmar que haja para Tempo de VM e para Saída do Leito (até o momento).

Até a próxima!!!

Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta da UTI Geral do Hospital Geral do Estado Prof. Osvaldo Brandão Vilela - AL
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP

LinkedIn: Caio Veloso da Costa



Referência:
1- Daniel CR, Alessandra de Matos C, Barbosa de Meneses J, et al. Mechanical ventilation and mobilization: comparison between genders. Journal of Physical Therapy Science. 2015;27(4):1067-1070. 

30 de outubro de 2015

Ascenda o Fósforo para o Desmame.

Olá colegas!!!

O sucesso no desmame e na extubação depende de muitos fatores como Pico de Fluxo de Tosse, Nível de consciência, Endurance e Força muscular, entre outros. 
Dentre os parâmetros que são analisados para a tomada de decisão de extubação, estão os Eletrólitos, mas dentre eles parece que o Fósforo tem um papel importante.
Durante o período que fiz a Residência Multiprofissional na UNIFESP, tinha uma preceptora chamada Priscila Sandri que era muito enfática em relação ao Fósforo e a pulga que ela deixou atrás da minha orelha me perseguiu por anos. E ela tem razão.
Em uma análise retrospectiva realizada na UTI do Hospital Universitário da Hacettepe University em Ankara - Turquia foi constatado que a Hipofosfatemia pode ser um fator de risco para falha no desmame.
Foram avaliados 76 pacientes em ventilação mecânica no período de 2005 a 2010 que haviam falhado no desmame/extubação e compararam com pacientes que haviam tido sucesso no processo. A média de idade foi de 65 anos, o APACHE de 20,9 e o SOFA 4,6. A taxa de falha nesses pacientes foi de 71,1%. O risco de falha quando o paciente tinha hipofosfatemia foi de 88,9%, se não apresentasse hipofosfatemia, o risco era de 65,5% (Risk Ratio: 1.36 p= 0.096).
Na regressão logística foram identificados como fatores de risco para falha no desmame: Presença de doença pulmonar crônica, Alto escore de SOFA na admissão, Uremia no dia do TRE e na extubação e Hipofosfatemia. Para cada 1 mg/dL de incremento no Fósforo, a probabilidade de falha reduz (OR: 0.43).
Em outro estudo, realizado em duas UTI's de Nova Jersey - EUA (School of Health and Medical Sciences of Seton Hall University). Foram avaliados 193 pacientes, destes 66 tiveram sucesso no desmame. Foi encontrado que a Hipofosfatemia constituiu um risco para a falha (Risco Relativo: 1.18 p = 0.01) quando comparados aos pacientes que apresentaram níveis de fósforo normais.

Então colegas, vamos ficar de olho no Fósforo.

Até a próxima!!!


Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta da UTI Geral do Hospital Geral do Estado Prof. Osvaldo Brandão Vilela - AL
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP

LinkedIn: Caio Veloso da Costa





Referências:
1- Kara AKızılarslanoğlu MCBolayır BOrtaç Ersoy EÖcal SÇakır BTezcan STopeli A
Effect of hypophosphatemia on weaning success from mechanical ventilation.Tuberk Toraks. 2015 Jun;63(2):102-8.

2- Alsumrain MHJawad SAImran NBRiar SDeBari VAAdelman M.  Association of hypophosphatemia with failure-to-wean from mechanical ventilation.Ann Clin Lab Sci. 2010 Spring;40(2):144-8.

Fisioterapia em Mulheres com Câncer de Mama

Saudações colegas, com muito prazer convidamos a Fisioterapeuta Thais Lucia Pinheiro para falar sobre a Fisioterapia em mulheres com Câncer de Mama e de sua experiência com esse perfil de pacientes.

Por Thais Pinheiro.
 
As neoplasias mamárias são o tipo de câncer que mais acomete as mulheres, depois do câncer de pele não melanoma. Segundo o INCA há uma expectativa de surgimento de cerca de 57.120 novas mulheres diagnosticadas anualmente no Brasil por esta doença, e este número só vem crescendo...
A fisioterapia precoce tem como objetivo prevenir complicações que poderão ocorrer caso não se tenha o adequado conhecimento dos fatores prognósticos. Do ponto de vista clínico, os mais importantes são o tamanho do tumor e o comprometimento axilar. O conhecimento dos fatores prognósticos é fundamental na determinação dos programas fisioterapêuticos.

A prevenção de complicações deve estar presente em todas as fases do câncer de mama: no diagnóstico; no tratamento (quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia e cirurgia); na recorrência da doença e nos cuidados paliativos. É fundamental iniciar um programa fisioterapêutico precocemente, quando as pacientes ainda não apresentam complicações, como limitações de movimentos, dor, linfedema, aderência cicatricial e fibrose dos coletores linfáticos. No entanto, muitas são encaminhadas tardiamente, o que diminui a probabilidade de recuperação. Nesses casos a fisioterapia também auxilia na prevenção e/ou diminuição de quadros de fadiga muscular e náuseas.
Quando as pacientes tem contato com o fisioterapeuta já no pré operatório, tem oportunidade de falar sobre suas ansiedades, tirar dúvidas sobre curativos, pontos e movimentação do braço. Ainda nesse período, a notícia sobre a doença e intervenção cirúrgica, leva à paciente inconscientemente adotar posturas de tensão muscular na região do pescoço e ombros. Por isso nessa fase já é importante que o fisioterapeuta avalie a presença de alterações posturais e tensionais, avalie a função do ombro e a força muscular dos braços e oriente a paciente como será o acompanhamento no pós-operatório e identificar possíveis complicações.

A fase do pós operatório imediato tem como objetivo identificar alterações neurológicas ocorridas durante o ato operatório (n. intercostobraquieal e n. torácico longo), presença de dor, edema linfático precoce e alterações na dinâmica respiratória. Já ao decorrer do tratamento, o propósito é a recuperação funcional e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida para a paciente.
O fisioterapeuta irá orientá-la a posicionar o braço na cama com o auxílio de travesseiros e orientar exercícios leves para o braço, assim como realizar exercícios respiratórios e deambuação. Nessa fase os exercícios respiratórios são muito importantes, eles ajudarão a recuperar a função pulmonar e prevenir complicações respiratórias. O uso do sutiã compressivo é muito importante, ele ajuda a pele a colar e evita o inchaço na mama e tórax. Nessa fase ainda o fisioterapeuta ensinará a fazer a automassagem, que nada mais é do que uma drenagem linfática realizada pela própria paciente afim de ajudar a prevenir a presença de inchaço no membro superior homolateral a cirurgia.

Se não houver complicações pós-operatórias, em alguns dias a paciente estará de alta hospitalar, indo para casa com os pontos e com os drenos, é importante alertar a paciente que não esqueça que os cuidados e a automassagem devem continuar sendo feitos em domicilio. Nas primeiras semanas, provavelmente a paciente ainda estará com o dreno aspirativo e com os pontos, portanto as orientações são de não levantar o braço acima de 90º para que a ferida operatória não abra, pois somente na avaliação, a amplitude de movimento é livre. Em alguns casos o médico e o fisioterapeuta podem liberar a movimentação livre do braço de acordo com o limite de dor.

Os recursos analgésicos (TENS, crioterapia, mobilização passiva, técnicas de relaxamento muscular, acupuntura) complementam o tratamento fisioterapêutico que pode ser medida pelo grau de independência alcançado pela paciente, proporcionando alívio da dor, diminuindo os riscos de infecção, aumentando a mobilidade de membros superiores e reduzindo a necessidade de medicamento como analgésicos.

Durante o período de internação o enfoque é global, prevenindo, minimizando e tratando complicações respiratórias, motoras e circulatórias. A dor é uma das principais e mais frequentes queixas da paciente, devendo ser valorizada, controlada e tratada em todas as etapas da doença, as diversas técnicas para analgesia caracterizam a fisioterapia em oncologia.

Thais Lucia Pinheiro - Fisioterapeuta

Especialista em Saúde da Mulher - ABRAFISM/COFITTO
Especialização em Fisioterapia em Ginecologia - Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP
Especialização em Ergonomia - Universidade Gama Filho
Mestranda em Ginecologia pela disciplina de Mastologia - Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP
Preceptora da Especialização de Fisioterapia em Ginecologia e da Residência Multiprofissional em Saúde da Mulher da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP
Coordenadora da Academia VO2 Personal
Conselheira do Caderno de Uroginecologia da Revista Fisioterapia Brasil
Contato: thaispin@hotmail.com


Referencias Bibliográficas
·         ABREU, Evaldo; KOIFMAN, Sérgio. Fatores prognósticos do câncer da mama feminina. Revista Brasileira de Cancerologia, Rio de Janeiro, v.48, n.1, p.113-31. 2002.
·         BATISTON, Adriane Pires; SANTIAGO, Silvia Maria. Fisioterapia e complicações físico-funcionais após tratamento cirúrgico do câncer de mama. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.12, n.3, p.30-35. 2005.
·         BERGMANN, Anke et al. Fisioterapia em mastologia oncológica: rotinas do Hospital do Câncer III/INCA. Revista Brasileira de Cancerologia, Rio de Janeiro, v.52, n.1, p.97-109. 2006.
·         BERGMANN, Anke. Fisioterapia no câncer de mama: assistência, ensino e pesquisa. Trabalho apresentado na Semana de Fisioterapia da Universidade Estácio de Sá, maio de 2008. Petrópolis. 2008.
·         BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Controle do câncer de mama: documento de consenso. Rio de Janeiro: Inca. 2014.
·         GUNDERSON; et al. Palliative Care For Bone , Spinal Cord, Brain and Liver Metastases. Clinical Radiation Oncology. 2ed. 2007. p.437.
·         INSTITUTO ONCOGUIA; Disponível em: <http://www.oncoguia.org.br/conteudo/fisioterapia-no-pos-operatorio-do-cancer-de-mama> Acesso em: 23 de out. 2015.

·         FARIA, Lina; As práticas do cuidar na oncologia: a experiência da fisioterapia em pacientes com câncer de mama. v.17, supl.1, jul. 2010, p.69-87.

25 de outubro de 2015

Avaliação de Mobilidade/Funcionalidade em Pacientes Críticos

Saudações colegas.
Avaliar a Mobilidade/Funcionalidade é de extrema importância na nossa prática, já que podemos, além de estabelecer o nível funcional, extrair informações que podem nos auxiliar a construir um Planejamento Terapêutico. 
A Mobilidade em Terapia Intensiva vem sendo muito estudada nos últimos quatro anos, já que existe uma associação entre Mobilidade e Desfechos Favoráveis (Menor tempo de VM, Mortalidade, e Tempo de internação, além de Maior Força Muscular e Capacidade Funcional. Devido a esse impacto, existem publicadas, pelo menos 26 ferramentas para avaliação da Mobilidade em UTI.
Mas qual o motivo de termos que utilizar ferramentas específicas?
Recentemente, foi publicada uma Revisão Sistemática com Metanálise, onde o resultado demonstrou a ausência de efeitos da Mobilização Precoce no Status Funcional (Mobilização Precoce não melhora Status Funcional...), mas o ponto em questão é que as escalas utilizadas não eram específicas para avaliação funcional de pacientes críticos.
Dentre as 26 ferramentas, figuram as principais e com maior número de publicações: ICU Mobility Scale (IMS), FSS ICU Mobility Scale (IMS)Functional Status Score (FSS-ICU)The Perme Intensive Care Unit Mobility Score, Physical Function ICU Test (PFIT) e Chelsea Critical Care Physical Assessment tool (CPAx). Cada uma com sua particularidade e aplicabilidade.
  1. IMS -  avalia puramente a Mobilidade, com escore de 0 (Restrito ao Leito) a 10 (Deambula sem auxílio por pelo menos 5 metros).
  2. FSS -  baseada na MIF, possui 2 categorias: Mobilidade no Leito e Saída do Leito, com 5 ítens a serem avaliados no total, com pontuação de 0 (Não realiza) a 7 (Independência).
  3. Perme -  já analisada por nós (Escala Perme de Avaliação Funcional em UTI. Estamos no caminho certo!) vem com itens interessantes, como a Identificação de Barreiras à Mobilização, Força e Endurance, além de categorias de Mobilidade.
  4. PFIT - de fácil aplicação, pode servir como base para prescrição e progressão da terapia (Como prescrever a minha terapia? Physical Function ICU Test.), seus autores ainda recomendam que essa sistemática poderia ser transportada para outros setores hospitalares, com pacientes mais estáveis e fora da UTI.
  5. Chelsea - além de Mobilidade, inclui avaliação de Tosse e de Função do Sistema Respiratório.
Mas qual dessas devemos utilizar? Um recente estudo realizado na Austrália Functional outcomes in ICU – what should we be using? - an observational study, comparou três dessas ferramentas, PFIT, FSS e IMS. Foi encontrado uma superioridade da PFIT e FSS, para avaliação de status funcional. Mas o que devemos levar em consideração na decisão clínica para a escolha de uma das escalas, é o perfil do paciente e da unidade em que trabalhamos, bem como conhecimento sobre cada uma dessas ferramentas, pois nada exclui que exista a necessidade do uso de mais de uma dessas ferramentas na nossa prática diária.
Outra coisa que temos que ter em mente, é que devido ao fato de essas escalas serem recentes, nenhuma delas, até o momento, está Adaptada e Validada para o português. A FSS e a Perme, já estão em processo de validação.

Até a próxima!!!

Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP

LinkedIn: Caio Veloso da Costa




Referências
1- Castro-Avila AC, Serón P, Fan E, Gaete M, Mickan S.  Effect of Early Rehabilitation during Intensive Care Unit Stay on Functional Status: Systematic Review and Meta-Analysis. PLoS One. 2015 Jul 1;10(7):e0130722.

2- Hodgson CNeedham DHaines KBailey MWard AHarrold M, et alFeasibility and inter-rater reliability of the ICU Mobility Scale.Heart Lung. 2014 Jan-Feb;43(1):19-24.

3- Thrush ARozek MDekerlegand JLThe clinical utility of the functional status score for the intensive care unit (FSS-ICU) at a long-term acute care hospital: a prospective cohort study.Phys Ther. 2012 Dec;92(12):1536-45.

4- Perme C, Nawa RK, Winkelman C, Masud F.A Tool to Assess Mobility Status in Critically Ill Patients: The Perme Intensive Care Unit Mobility Score.Methodist Debakey Cardiovasc J. 2014;10(1):41-9.

5- Skinner EH, Berney S, Warrillow S, Denehy L. Development of a physical function outcome measure (PFIT) and a pilot exercise training protocol for use in intensive care unit. Crit Care and Resusc. 2009;11(2):110-115.

6- Corner EJ, Soni N, Handy JM, Brett SJ. Construct validity of the Chelsea critical care physical assessment tool: an observational study of recovery from critical illness. Critical Care. 2014;18(2):R55.

7- Parry SM, Denehy L, Beach LJ, Berney S, Williamson HC, Granger CL. Functional outcomes in ICU – what should we be using? - an observational study. Critical Care. 2015;19(1):127.